quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Bienvenidos a Uruguay!

Amigos, aqui vai mais um causo fresquinho de viagem, e o primeiro do ano!

Enquanto escrevo, estou em Montevidéu, digitando no meu netbook, em cima da mala de viagem, que está numa cadeira perto do banheiro, pois lá é o único ponto de força disponível no quarto para o carregamento de bateria. Cruel situação, eles realmente não querem ninguém usando força à toa por aqui. Mas como sou brasileira e não desisto nunca, lá vai o causo!

Afinal, por que Uruguai?

Para ser honesta, foi por causa de um Globo Repórter. Já havia ouvido falar muito bem do país, principalmente de Punta Del Este, destino já visitado pelo meu pai em um cruzeiro. Mas depois que vimos esse programa, meu pai não sossegou enquanto eu não comprei as passagens para Montevidéu. O que foi ótimo, diga-se de passagem. Estou adorando conhecer o Uruguai!

Desfrutando da hospitalidade uruguaia. Coisa mais fofa!

E como toda viagem minha, tem seus perrengues, certo? É, sempre tem perrengue. O que seria a vida sem um pouco de emoção, afinal? Mas o que temos feito por aqui é pura diversão, principalmente por causa da presença da minha tia Isabel, que mora nos EUA. Ela topa qualquer passeio e é divertidíssima!  E mesmo com a presença da família buscapé (Joaquim, Fátima e Daniella), o Uruguai ainda não “tremeu nas bases”.

Hum... mais ou menos! Hehe...

Nós somos um pouco exuberantes, então é difícil passarmos despercebidos. É, brasileiro quando viaja em grupo é sempre notado!

Aqui vão os acontecimentos “top five” da viagem até agora.

1.    Free shop de primeiro mundo

Começamos a viagem bem, no free shop do aeroporto Carrasco em Montevidéu. Já havia sido alertada de que o free shop daqui era melhor do que o de Guarulhos. Dito e feito! No Brasil, gostei de uma malha Lacoste que custava “módicos” 147 dólares. E isso porque era preço de free shop, heim? Já no equivalente uruguaio, a mesma blusa custava 110 dólares, e ainda tinha uma promoção: compre três peças, pague apenas duas! E isso valia para a toda a linha (blusas, agasalhos, calçados...). Adivinha o que a criatura aqui fez? Já deixou alguns reais logo no desembarque, e ainda fizemos um estardalhaço utilizando o único provador do lugar. Já viram mulher resistindo a uma promoção? Nunca!

Mas admito, as coisas no Uruguai são um pouco caras. Um cafezinho no McCafé do aeroporto? O equivalente a 9 reais! Eu preferi ficar bocejando, mesmo porque não sou fã de café puro. Mas a velha guarda da viagem (papis, Fátima e tia) não dispensam a dose diária de cafeína. Foi caro, mas pelo menos, segundo eles, o café estava bom.

2.     Dirigir é preciso

Alugamos um carro já no Brasil, que estava nos esperando no aeroporto. Como sempre nesses casos, o carro tem o câmbio manual. Mas os nossos carros do Brasil têm câmbio automático, então leva um tempinho até nos acostumarmos a ter que trocar marchas.

Meu pai assume a direção e não entende porque não consegue engatar a primeira.

Olho para os pés dele e digo:

- Usa a embreagem!

Ele:

- Ah é, tem que usar o pé esquerdo!

E conseguimos colocar o carro em movimento. Mas de vez em quando ele esquece que precisa trocar a marcha. O carro a 90 km/h e o câmbio na segunda marcha.

O carro:

- Aaaaahhhhhh!!!

Eu:

- Pai, troca a marcha!

Ele:

- Putz, esqueci!

E assim foi por um bom tempo, até ele assimilar que as marchas não iriam se trocar sozinhas.

Nossa trupe e o carro. Com uma cor tão discreta, é impossível
perdê-lo no estacionamento!
Graças ao maravilhoso, espetacular e indispensável GPS (não saia de casa sem ele), chegamos ao nosso hotel, localizado bem no centro da cidade. Fizemos o check-in e fomos guardar o carro no estacionamento do hotel.

Tarefa fácil? Vai lendo...

O estacionamento é num edifício garagem, de cinco andares. O andar do nosso hotel? O último, claro! E para chegar até lá, curvas fechadíssimas, nas quais somente um carro passa de cada vez. Nas paredes, inúmeras marcas de lataria de carros com motoristas menos habilidosos. Muitas mesmo, tem que ser piloto para subir nessas rampas! Para sorte nossa, papis dá conta do recado e nos acostumamos com o lugar.

3.     Degustação de vinhos, que delícia!

Na primeira noite em Montevidéu, não fizemos muita coisa. Chegamos num sábado, o comércio fechado e as ruas com pouco movimento. Fizemos apenas o reconhecimento do terreno e fomos dormir cedo, pois no dia seguinte, faríamos o primeiro passeio agendado: Bodega Bouza, uma das melhores do país.

Estava ansiosa por provar os vinhos uruguaios e poder admirar as videiras carregadas de cachos de uva, é sempre uma visão espetacular. E a bodega não fez feio, olhem só:
Uvas no ponto para a colheita! Variedade tannat.

Lugar maravilhoso, paisagem de encher os olhos... e preços de esvaziar os bolsos! Descobri o conceito da bodega-boutique: produção baixa, mas de melhor qualidade. Em resumo, paga-se, e bem, pela exclusividade.

Bom, como a gente faz isso muito de vez em quando... fizemos tudo o que tínhamos direito!

Barris de carvalho apuram a safra 2013.
Começamos pela visita guiada. Depois, fizemos a degustação e almoçamos. Já havia visitado outras vinícolas no Brasil, e o que achei especial na Bodega Bouza é o caráter bem familiar do local. A produção esmerada se fez presente na degustação “premium”, mais cara, com os melhores vinhos da casa. Culpa da Juliana Carmesim, que apurou meu gosto para vinhos. Agora não consigo beber qualquer coisa!

Foram quatro variedades: branco, merlot e dois tannat bem amadeirados. Adorei os dois primeiros, mais suaves. Até comprei para trazer para o Brasil. As amigas “Sex and the City” vão adorar!

O almoço foi da mais alta gastronomia. Coisa chique mesmo, um desbunde! Enquanto fazíamos a degustação, já pedimos os pratos. Que demoraram. E demoraram... e nós só comendo os frios da degustação, e os garçons “entochando” pão na gente. Pães deliciosos, fresquinhos, que iam estufando nosso estômago enquanto a comida não dava o ar da graça.

Quando os pratos chegaram, quem disse que conseguimos comer tudo? Eu, que como uma ninharia,  “socializei” o conteúdo do meu prato: um pouco para a tia, outro tanto para a Dani e assim por diante. Ou seja, era comida que voava para tudo quanto era canto da mesa! Uns cediam o salmão, outros, a picanha, e a salada também entrou na dança.  E mesmo assim não consegui deixar o prato vazio. Mas garanto uma coisa, o talharim estava espetacular!

Almoço com muito vinho!

Outro diferencial da Bodega Bouza é a coleção e carros antigos que os donos mantêm no local. Tem de Ford T a Fusca, passando por motos Raleigh e triciclos. Todos muito bem conservados e em perfeito funcionamento. Claro, meu pai não deixava passar a chance de nos atazanar:

- Entra lá para tirar uma foto!

Exuberância em ação!
E os carros cheios de cordões de isolamento. Claro, ele estava brincando, mas os outros visitantes começaram a nos olhar de soslaio, provavelmente pensando: pobre quando faz programa decente nem sabe como se comportar!

Não duvido que alguém não tenha tirado uma foto e postado no facebook com uma legenda no estilo “aeroporto ou rodoviária?”. Provavelmente seria “bodega-boutique ou boteco da esquina?”.  Acho que o povo tem é inveja da nossa exuberância! Hehe...

4.     Mercados do Uruguai, uma atração à parte

O mercado da esquina vende games!
Como temos frigobar no hotel, fomos às compras nos mercados locais para comprar itens de sobrevivência básicos para qualquer turista: água, frutas, frios e pão. A rede onipresente aqui em Montevidéu é a “Ta-ta”. Provavelmente o diretor de marketing é o professor Girafales, porque com esse nome, só pode!

Eu adoro ir a mercados quando viajo. São lugares frequentados pelos locais, então é uma chance de ver o que eles consomem, perceber as peculiaridades e interagir com as pessoas. Interação, a chave da boa convivência em qualquer viagem!

Uniforme escolar, coleção 2013, nos mercados
em 2014 também!
Muito do que é vendido por aqui temos nos nossos mercados. Mas a dinâmica é um pouco diferente. E tem produtos que estranhamos ver em prateleiras de mercado. Como esses videogames, por exemplo. Colocados na prateleira como a coisa mais natural do mundo de se comprar por aqui. Mas no Brasil as caixas estariam atrás do balcão, fechadas atrás de uma porta de vidro fechada a chave, certo? Tudo bem, não tinha o PS4, mas foi estranho ver um mercado que é um misto de “Extra” com “Kalunga”!

Uma coisa que também me chamou a atenção foi o uniforme escolar. As crianças usam aqui o jaleco branco e o laçarote azul marinho, e a vestimenta pode ser encontrada nos mercados. Muito “fashion”, só que não. Mas como a taxa de analfabetismo do Uruguai é a menor da América do sul e todas as crianças aqui têm laptop, tenho é que enfiar a minha viola no saco. Os uruguaios podem não ter senso de moda, mas tem educação para todos!

5.     “Causando” em Colônia de Sacramento

Não é exagero. Nós causamos mesmo, deixamos a nossa marca naquela cidade e os locais irão se lembrar de nós. Pelo menos por algumas horas!

Agora conto o motivo.

Colônia é uma cidade minúscula, cheia de história, que pede o mínimo de fôlego para uma caminhada. Perfeita para andar de bicicleta, por sinal. Já cheguei com a ideia de alugar uma, mas a minha tia Isabel não pedala. Então tínhamos que achar um meio termo. E qual foi a nossa brilhante ideia? Alugar uma espécie de “carrinho de golfe” com esteroides e uma bike. Quatro pessoas da trupe iriam no carrinho e eu, de bike, iria atrás, pedalando. Como o veículo comportava apenas 4 pessoas mesmo, foi o arranjo perfeito.

A receita perfeita para o caos!

Perfeito, né?

O motorista (papis) e um passageiro (Dani) iriam de frente, mas os outros dois (Fátima e tia) iriam de costas!

As duas sentaram e afivelaram o cinto, mas não estavam lá muito seguras do nosso novo meio de transporte, e com razão. Uma curva mais fechada e poderiam sair pela tangente!

Mas a cereja do bolo ainda estava por vir. O tal carrinho era difícil, muito difícil de se dirigir com o mínimo de suavidade. Juntando a direção nada sutil com as ruas de paralelepípedo do lugar, o que temos? Passageiros em pânico, sendo transportados com a leveza e a suavidade de uma égua pocotó pelo sítio arqueológico de Colônia!

E para completar o espetáculo, meu pai buzinava a cada esquina!

Foto tirada com o carrinho em movimento.Tenso, mas hilário!
Ou seja, buzina, arranque, gritos dos passageiros, freadas bruscas, mais um arranque, mais buzina, risadas... e eu só atrás, pedalando, observando a cara de pânico da minha tia Isabel e chorando de rir!

Chegávamos a um lugar e todos já nos olhavam, porque era uma gritaria e um buzinaço sem fim. Curvas fechadas faziam os passageiros gritarem “ooopaaaa!” como se estivessem no casamento grego do século. Às vezes eu até passava longe, pedalando, fingindo não conhecer aquela gaiola das loucas ambulante!

Aí tínhamos que estacionar o carrinho (que não tinha portas nem janelas) e o meu pai já soltava outra pérola:

- E agora, como vou trancar as portas? Não tem porta!

E os locais, bem como outros turistas, só aproveitando o espetáculo.
Lotação esgotada. Só a bike salva!

Com a bike, eu não precisava estacionar para estar com eles. Fui pedalando pra lá e pra cá, visitei lugares que a entrada do carrinho não era permitida e senti o ventinho no rosto sem motor. Que delícia!

Na hora de devolver o carrinho, as passageiras não quiseram saber de embarcar novamente. Então eu e meu pai fizemos a devolução. Mas como ele não sabia o caminho de volta, eu fui pedalando à frente, e ele foi me seguindo. Posso dizer que o motor do tal carrinho era bem fraco, pois deixei meu pai para trás. Ou então ele não quis me atropelar, vai saber, né? Risos...

Agora preciso dormir, quase meia noite em Montevidéu. Vou deixar para contar sobre o city tour daqui quando escrever sobre o nosso destino de amanhã. Punta Del Este!


Boa noite, pessoal!

Dica de ouro: não alugue carrinho, vá de bike!