quinta-feira, 30 de maio de 2013

O primeiro causo de Paris!

Olha aí o primeiro causo de viagem!


Comecei a escrever aproveitando uma "janela": acordei às 6 da manhã do primeiro dia e comecei o causo, mas só consegui acabar hoje, no terceiro dia! Não tenho tanto tempo ocioso para escrever como tive no cruzeiro do ano passado, mas fiz um "serão" para contar o primeiro causo de Paris!

Vamos do início.

A viagem teria começado tranqüila, se não fosse por um detalhe: escolhi justo a véspera do embarque para ter aquela dor de barriga "felomenal", como diria Giovanni Improtta. Tenso mesmo, fui "pulando miudinho" até Lisboa e de lá até Paris. Chegando a Paris, eu simplesmente esqueci o fato de não estar bem. Afinal, quem vai lembrar de uma coisa dessas por aqui? Hehe...

Tirando uma ou outra turbulência, os voos foram tranqüilos. E devo dizer que fiquei agradavelmente surpresa com os serviços da TAP! Foi-se o tempo dos "Tamancos Aéreos Portugueses". O serviço foi impecável, os aviões, novinhos. E a comida estava boa, mas teria aproveitado mais se não estivesse tão prejudicada. Felizmente meu assento era perto do banheiro...

Fizemos uma parada em Lisboa, no aeroporto Portela. Essa sim, foi uma parada tensa. Isso porque o voo para Paris sairia em menos de uma hora! E ainda tínhamos que passar pela imigração.

A fila estava longa, mas não demorou muito. Perguntaram para mim onde eu iria, carimbaram o passaporte e só. Nem declaração de alfândega deram para preenchemos. Acho que, pelo fato de Portugal estar numa situação periclitante, o que o turista trouxer (e deixar no país) é lucro!

Saindo da imigração, fomos correndo em direção ao nosso portal de embarque. Tivemos, claro, que passar por mais uma verificação de segurança. E sabem o que acontece quando estamos com pressa, certo? Acontece sempre algo que te atrasa. Nesse caso, foi uma turma de vovós, bem na nossa frete. 
Não tinha jeito dela passarem no detector de metais! Era relógio, chave, moedas, placas de titânio nos quadris, sei lá mais o que. Elas iam e voltavam, a fila crescia e nosso avião estava prestes a sair!

Qualquer turista com o mínimo de prática sabe: deixe os metais na bolsa, certo? Ah, mas as vovós nem aí! E quando finalmente conseguimos passar pela segurança, saímos desembestados feito a família do "Esqueceram de Mim" rumo ao nosso portão. Felizmente, chegamos bem a tempo do embarque. 

Assim que chegamos em Orly, tivemos a primeira tentativa de nos darem um "chapéu": o caixa da lanchonete quis ficar com parte do nosso troco. Mas papis, muito esperto, percebeu. Demos uma nota de 20 e o sujeito devolveu troco como se tivéssemos dado só 10! Ele começou a falar:

- Twenty, twenty! 

O caixa, sem graça, deu o troco certo. 

Depois, era hora de responder a pergunta que eu mais adoro fazer durante uma viagem: e agora, para onde vamos?

Quem já leu outros causos, sabe. Não gosto do esquema "traslado e City Tour". Eu adoro chegar a um lugar novo e ter que descobrir, por conta própria, o que fazer. É parte da emoção da viagem, ter que interagir com os locais mesmo sem conhecer o idioma. Mas falando inglês fica mais fácil, já que as pessoas que lidam com turistas costumam falar ao menos o básico do idioma. 

Primeira parada: centro de informações turísticas. Usei a minha frase protocolar, falando todo o francês que eu conheço:

- Bom dia! Por favor, você fala inglês?

Digo a vocês, até agora tem funcionado muito bem. Os franceses ficam contentes por ouvir o turista ao menos cumprimentando no idioma deles. E se mostram bem solícitos. 

Compramos uma passagem de ônibus, saindo do aeroporto, até uma estação de metrô. Eu e a torcida do Corinthians, claro! Vi que muita gente passava longe dos taxis. Os preços são proibitivos e o trânsito aqui é digno de SP. 

O problema começou quando tivemos que arrastar a nossa bagagem no metrô. Nem todas as estações têm escadas rolantes em todos os lances. Em alguns casos, tivemos que fazer duas viagens para mover toda a tralha. Pelo menos foi treino de bíceps!

Em uma das catracas, meu pai se atrapalhou todo e acabou preso com as malas. Não dava para ir ou para voltar. Seria cômico, se não fosse trágico. Um moço se ofereceu para ajudar, e meu pai foi empurrado para dentro da estação.

Assim que arrumou as malas, percebeu uma coisa: a carteira havia sumido!

E aqui, o mundo dá voltas! O mesmo moço que ajudou o meu pai achou a carteira dele no chão, e a devolveu intacta. Gentileza pura!

Próximo passo, aprender a andar no metrô de Paris. 

Dificuldade? Nenhuma mesmo. É só seguir o mapa. Eu já havia selecionado previamente a estação que julgava mais próxima do nosso hotel, então planejei com antecedência as baldeações necessárias.
Chegamos direitinho na estação. Mas quando colocamos os pés na rua... Socorro!

E por que?

Acho que demos de cara com a rua mais "barra pesada" de Paris!

Lugar sujo, mal freqüentado. Muita gente, claramente desocupada, perambulava pelas ruas. Olhavam para nós com desconfiança. Eu e meu pai, de olhos arregalados, só pensávamos: como pedir informações aqui sem sermos assaltados?

Confesso que o mapa que tinha comigo não foi de muita ajuda. Contava poder conversar e pedir informações, mas era um sujeito mais assustador do que o outro. E agora, o que fazer? Detalhe adicional: chovia!

Resolvi dar a cara à tapa. Já fiz isso em país muçulmano, vai dar certo em Paris também. Pensamento positivo é tudo nessa vida. Lembrem-se sempre disso!

Entrei em um mercadinho, mais capenga do que a minha coluna, e comecei a "sentir o clima". Duas mulheres cuidavam do lugar, jogado às traças. Não pareciam muito amistosas, mas eu estava "precisada", certo? 
Fiz o óbvio. Comprei alguma coisa para puxar assunto. No caso, uma garrafa d'água. Fui até ao caixa, paguei a mercadoria e comecei a falar. 

Como eu esperava, o inglês delas era praticamente inexistente. Mas como eu havia feito uma compra, a loja estava vazia e a minha cara era de de puro desalento, resolveram me ajudar. 

Depois de muito blá blá blá Whiskas Sachê arrematado com um "merci", arrastei meu pobre pai, eu mesma e nossas malas pela chuva fria, na direção indicada. 

Depois de um tempo, claro, estávamos perdidos de novo! 

Lá fui eu atrás de mais informações em uma drogaria. Novamente, encontrei boa vontade da atendente e rumamos para a direção que nos foi apontada: segue reto, passa duas ruas e entra à esquerda. 

Tudo o que conseguimos foi achar um Carrefour. Nada de hotel. Ok, lá vou eu atrás de mais indicações. 
Foi aí que um rapaz que estava na fila do mercado me deu a luz no fim do túnel: a rua era uma quadra dali, virando à esquerda. 

Peguei meu pai e fomos esperançosos para a rua, que se revelou a correta, finalmente!

Caso encerrado? 

Vai lendo...

Eis o endereço do hotel: 100, rue du Faubourg Saint-Denis, 10. Gare du Nord, 75010 Paris. Agora me diga, qual é, afinal, o número do hotel? 100 ou 10? 

Cri cri... Cri cri...

Como o moço falou para virar à direita, e naquela altura só tinha do número 90 para baixo, assumi que era o número 10, e nos pusemos a caminhar. Com as malas e na chuva. 

Agora, falando sério: parece que, quanto maior o cansaço, mais a gente demora para chegar ao destino. Andava, andava, e a numeração não descia. Aí eu percebi que a numeração não se baseava na distância, como em SP. A numeração dessa rua tinha TODOS os números, não importando o tamanho do prédio! Então foi 90, 88, 86, 84... E necas de chegar ao 10!

Continuamos resolutos. Mesmo porque não tínhamos opção, certo? Mas quando chegamos ao número 10, nada de hotel. Era apenas uma portinhola, que dava para um corredor, que dava para não sei aonde. Toca pedir informações de novo. 

Peguei um senhor numa banca de frutas e mostrei o endereço. Aí ele me disse, em francês:

- Aqui diz número 100, e você está no número 10!

E mostrava os dedinhos, tentando fazer o discurso mais claro possível. 

Ah... Então eu deveria ter virado à esquerda. E o número do hotel é o que está na frente, e não atrás. Tá, aprendi mais uma. 

Voltamos por onde viemos, pisando duro. Na chuva, arrastando as malas. Mas com final feliz, desta vez! Achamos o hotel, o gerente já me chamou pelo nome e me deu uma ótima notícia: teríamos café da manhã grátis por toda a estadia!

E o melhor: o hotel era distante da área "barra pesada". Descemos na estação de metrô errada! Largamos as malas no hotel e fomos atrás dos passeios, previamente escolhidos. 

Primeira parada, Cityirama, agência de turismo. 

Deveria ser mamão com açúcar. O lugar fica na rua Pyramides. Tem a estação de metrô Pyramides. E a estação apontava a saída para a rua Pyramides. 

Fácil, né?

Sei...

Saímos na rua da Ópera!

Como eu havia assumido que sairíamos na bendita rua Pyramides, nem me preocupei em olhar o nome da rua. Andamos até o número da agência e, quando lá chegamos, nada. Putz!

Aí, depois de ver que era a rua errada, arrastei meu pai de volta à estação do metrô. Não é possível, a Pyramides deve ser aqui perto!

E era. Mas a saída da estação não era bem nessa rua, apesar da placa dizer o contrário. A tal rua ficava de "ladinho", de soslaio. Aff! Então por que a placa não fala que a gente sai da rua da Ópera? Vai entender...
Achamos a agência e compramos os passeios. 

Agora, outra missão: achar a "Bike about tours", para comprarmos o passeio de Versailles. De bike!
O site da agência dizia. Entra no estacionamento "Vinci Car Parking", e nos achará lá. 

Sei... Vai lendo!

Entramos no tal do estacionamento, primeiro piso, e nada de bike à vista. Assim, descemos mais um piso. E nada. Mais outro, mais outro... Acabou o estacionamento e necas!

Lá fui eu perguntar sobre "bike tours". Ninguém sabia. Um guarda me levou até à porta, indicando que aluguel de bike, a Vélib, é feito na rua. Mas esse é o serviço de bikes de Paris, eu quero ir para Versailles!
Dei a minha última cartada: fui na administração do estacionamento. Cheguei lá e falei:

- Estou procurando a empresa tal que faz passeios de bike assim assim...

E o sujeito:

- Ah, eles não estão aqui hoje,  pois está chovendo!

Eu mereço... Mas aí ele falou:

- Vou te levar na locadora de veículos, o atendente tem o telefone do responsável, o Christian.
Fui atrás dele, que se dirigiu ao atendente da Avis. O sujeito da locadora fez uma ligação no celular e me passou o telefone. Finalmente, consegui falar com o tal Christian.

Para reservar o passeio, ele queria o número do meu cartão de crédito. Eu, claro, não dei! disse a ele:

- Eu vim aqui para pagar em dinheiro, não quero usar o cartão. Posso te pagar amanhã, antes do passeio?

E ele:

- Geralmente não fazemos as compras de bilhetes sem uma reserva... Mas vou confiar que você vai aparecer. 

Disse a ele:

- Apareço sim, não perco esse passeio por nada!

Deixamos tudo acertado. E depois disso, eu e meu pai só conseguimos voltar para o hotel, tomar banho e desmaiar. Tínhamos que descansar, marquei Versailles para o dia seguinte!

Mas esse vai ser outro causo. São quase 1 da manhã aqui e preciso dormir...

Boa noite, pessoal!

Ah, abaixo, alimentando os passarinhos perto da catedral de Notre Dame. Incrível!




2 comentários: