quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

À deriva no oceano!



Amigos, hora do primeiro causo inédito do blog!!


Lembram-se do que eu escrevi no primeiro causo, o de Dubai? Disse: “Agora sim, começou uma epopeia digna das minhas viagens!”


Eu sempre digo: viajar comigo é garantia de diversão, pois sempre acontece alguma coisa inesperada. Felizmente, ninguém sai machucado, mas retorna com causos pra contar aos filhos e aos netos!


Como este, que vou contar agora.


O ano era 2007, e resolvi fazer uma viagem diferente: uma expedição ecológica, partindo de Recife para Fernando de Noronha. De veleiro!


A viagem consistia no seguinte: eu teria que aprender a mergulhar e a velejar. Partiríamos de Recife rumo a Noronha no veleiro Aussteiger, e a grande sacada é que faríamos parte da tripulação. Para mim, seria algo inédito. Até aquele momento, eu nunca havia velejado, minha experiência no mar era limitada a mergulhos em apneia e a alguns “quase afogamentos” (isso rende outro causo). Mas estava realmente com vontade de fazer algo diferente, então mergulhei de cabeça nessa experiência!


Pacote fechado, fui atrás das “qualificações”. Primeira qualificação: aprender a mergulhar!


Lá fui eu procurar uma escola, e acabei achando a Scuba Point, perto de casa. Pessoal excelente! Fiz o curso básico em um fim de semana, depois um check-out em Paraty e, em questão de semanas, já estava de posse da minha carteira de mergulho PADI, qualificada como “open water diver”.


Ao chegar a Recife, fui recepcionada pelo pessoal da Seagate, escola de mergulho e então proprietária do veleiro que nos levaria a Noronha. Estava doida para aprender a velejar e colocar em prática as minhas credenciais de mergulho!


Logo no primeiro dia, fizemos dois mergulhos na costa de Recife. Dois naufrágios recentes, sendo que o primeiro estava a 30 metros de profundidade.


Até aí nada de mais, certo? Bom... meu curso só me autorizava a mergulhar até 18 metros! Falei isso para a “dive master” que nos acompanhava. E ela me respondeu:


- Sem problema, é só me seguir que fica tudo sussa!


Então tá! Eu me joguei na água e fui atrás dela. Para chegarmos até o naufrágio, descemos por uma corda, no melhor estilo “Dá-me um Cornetto, muito crocante...” Ah, não conhece essa propaganda? Então não teve infância!


Fui descendo a cordinha, e mergulhei com a dive master. Foi um mergulho de mais de uma hora, e não pude entrar no barco: para isso, tem que ter curso de naufrágio, e eu só tenho o básico, né?


Subimos pela cordinha, fizemos a descompressão a 5 metros e emergimos. A mergulhadora perguntou:


- Há quanto tempo você mergulha?


Euzinha respondi:


- Tirei a minha credencial o mês passado...


Ela retrucou:


- Só podia ser... seu mergulho foi péssimo!


Meu mundo ruiu! E eu pensando que estava arrasando! Mas aí ela me disse:


- Presta atenção, vou te dizer o que você precisa fazer. Se não sabe mergulhar, vai aprender agora!

Putz, agora vai ou racha, certo?

Por incrível que pareça, foi! No segundo mergulho, fui bem melhor, colocando em prática tudo o que ela havia me dito. E recebi os parabéns! Ah, que delícia receber uma massagem no ego...

Segunda qualificação: aprender a velejar, o que já era parte da viagem!

Tivemos um dia de curso teórico. Aprendemos algumas terminologias específicas, a ler uma carta náutica e até a manusear equipamentos. A essa altura, os integrantes da “Expedição Noronha” já estavam todos reunidos. Gente de todo o Brasil (e até uma brasileira que morava na Espanha) estavam prontos para uma grande aventura.

E que aventura... isso não estava descrito no roteiro!

Tivemos que agregar uma terceira qualificação ao nosso currículo: aprender a derivar!

Não, nada a ver com matemática. Falo de uma deriva mesmo.

Você leu certo, cidadão. Ficamos à deriva no oceano, por dois dias! Falei que as minhas viagens não eram monótonas...

Querem saber como foi? Eu conto!

Num dia de manhã, o veleiro Aussteiger, com todos a bordo, deixou o porto de Recife com destino a Fernando de Noronha. Todo mundo engomadinho, cheirosinho e animadinho!

Bom, isso não durou muito. Afinal, estávamos a bordo de um veleiro, cuja estabilidade é pouca, pra dizer o mínimo. Imagina uma pessoa o tempo todo sentado numa cadeira de balanço. É, foi assim mesmo! Já pensei: vou precisar de Dramin na veia pra aguentar isso aqui! Foi quando o nosso capitão, o Fernando, nos disse o seguinte:

- Evitem tomar remédios para enjoo. Vão ficar sonolentos e não vão curtir a viagem!

E eu, que havia pago uma nota preta para estar ali, fiz a única coisa que poderia ter feito. Nada de Dramin! Eu me recuso a perder qualquer evento, vou fazer valer o meu investimento!

Claro que, no início, a força de vontade não foi suficiente. Estávamos ainda perto do porto de Recife, e o café da manhã havia sido posto para nós. Uma delícia. Tudo farto, do bom e do melhor!

Como todo glutão que se preze, fui com tudo no pote de Nutella. Ah, esse tipo de coisa não costuma ter em casa. Afinal, meu pai é diabético, e eu estou de regime por toda a eternidade. Pensei com meus botões: vou aproveitar e enfiar o pé na jaca!

É, enfiei mesmo! Assim que o veleiro saiu das águas portuárias e entrou no mar aberto, tudo começou a balançar... balançar... balançar... e a Nutella se rebelou: aqui eu não fico!

Não ficou mesmo, botei tudo pra fora. Acho que fui a primeira a chamar o bom e velho Hugo. Pensei no Dramin, pensei no que perderia se dormisse o tempo todo no navio se tomasse o remédio... e aguentei, estoicamente, o enjoo. E isso era só o início da viagem!

Curso traçado, velas içadas, estávamos rumo a Fernando de Noronha, finalmente!

O princípio foi um mar de rosas. A brisa do mar no nosso rosto, conversas animadas entre companheiros de viagem, o capitão tocando violão e eu tentando acompanhar no gogó.

Mas o mais incrível era o céu à noite. Sabe aquela imagem que só se vê em um planetário? Era espetacular! Com direito a estrelas cadentes, jamais vi algo parecido em terra. Um verdadeiro momento Kodak.

A primeira noite foi de adaptação, já que, embora tracionado pelas velas, o veleiro não tinha muita estabilidade. Então, dormir era um desafio e tanto! Minha cama tinha duas almofadas, estilo “espaguete”, em ambos os lados. Na hora, não sabia pra quê iria precisar daquilo e tirei. Durante a noite, percebi a burrada que havia feito. Era jogada de um lado para o outro da cama e, sem as almofadas, dava cabeçadas na parede! Imediatamente, coloquei as almofadas no lugar de onde nunca deveriam ter saído.

No dia seguinte, já tinha gente arriando. Mesmo com as velas içadas e o motor funcionando ocasionalmente, a bagaça balança, e muito. Tinha gente que adquiriu um saudável bronzeado cor de fórmica, de tanto enjoo. E isso incluía um dos nossos marinheiros, o Manoel.

Esse sim, era uma figura! Era o nosso cozinheiro, e fazia viagens no veleiro com certa frequência. O problema é que o sujeito era um “lobo do mar” de araque. Enjoava mais do que os passageiros!

O pobre coitado ia nos servir o almoço quase chamando o Hugo. Eu via aquilo e tinha vontade de jogar tudo pra fora também. Mas ele não se dava por vencido e falava, num sotaque bem arrastado:

- Enjoo? Isso é “pisicológico”!

E botava os bofes pra fora...

Teve gente que começou a viver de fotossíntese depois disso!

O dia transcorreu bem e o Darcy, companheiro de viagem, conseguiu até pescar um belo peixe. Eu só ficava deitada ao relento, olhando para o céu e curtindo aquela aula de astronomia em alta definição. Mas eu não sou de ficar acordada até tão tarde, então eu me recolhi aos meus “espaguetes”, um pouco antes da meia noite.

Estava num sono leve quando, sem mais nem menos, ouço um barulho horrível, de metal retorcido, bem acima da minha cabeça!

Que horror!!

A minha cama era uma espécie de beliche, então eu praticamente grudei no teto, feito gato escaldado. Sabe aquele som de ferro retorcido que a gente ouve quanto o Titanic do James Cameron se parte em dois? Imagina aquele barulho bem acima da sua cabeça, em DTS!

Saí correndo da cama e fui ver o que tinha acontecido.

Acreditem, senhoras e senhores, o mastro principal desabou sobre as nossas cabeças! Partiu-se! Escafedeu-se!

Um vento repentino nos acertou com as velas içadas e o mastro não aguentou. Pediu arrego!

Instalou-se o caos no veleiro. Eu, sem saber o que fazer, ia de lá pra cá feito aquele urso perdido que aparecia no desenho do Pica-Pau. A ala masculina do barco tentava segurar o mastro que, após acertar a embarcação e quebrar a nossa geladeira, caiu na água. Como se não bastasse, chovia sobre as nossas cabeças.

Confesso que não acompanhei os detalhes do resgate do mastro. Nessas horas, muito ajuda quem não atrapalha. Fiquei quietinha no meu canto, enquanto os homens, de algum modo, conseguiram amarrar o mastro ao veleiro. Reparem na foto ao lado: o pessoal desmaiado de tanto enjoo, e o mastro amarrado!

Na manhã seguinte, tivemos que encarar a dura realidade. Estávamos sem mastro, sem velas. Sem geladeira. E também sem motor!

Sabe quando você tem problema, conta com o backup e fica na mão? Foi o que aconteceu conosco! De alguma forma, a queda do mastro danificou o nosso motor. Resumindo, estávamos sem qualquer tipo de tração! E o veleiro não tinha a opção de se converter em galé e chamar o Ben Hur para nos ajudar a remar. Estávamos à deriva no oceano!

Só tínhamos duas opções: esperar a corrente nos levar para o continente, em direção a Natal, ou pedir ajuda pelo rádio. Cuja antena, por sinal, estava no mastro!

Não sei quem deu um jeito na antena, mas conseguimos estabelecer uma precária comunicação via rádio. Nosso capitão bradava no microfone:

- Mayday, mayday, mayday, chamada geral de emergência, chamada geral de emergência, chamada geral de emergência alguém copia o veleiro Aussteiger, veleiro Austteiger, veleiro Aussteiger!

Duvido que alguém conseguisse entender o que ele falava, principalmente na parte do “veleiro Aussteiger”, de tão enrolado que era o sotaque!

Pouquíssima gente respondeu. Teve um que, ao saber da nossa posição, nos disse, na maior cara dura:

- Mas você tá muito looônge!!

Tá, mas dá pra chamar a guarda costeira? O cara repetia:

- Cê tá muito looônge!!

Aff!

O pessoal começou a se revezar para chamar por ajuda via rádio. Era tanto desânimo que o “mayday” virou “merdei” num piscar de olhos.

Foram 2 dias à deriva no oceano, chamando por socorro, comendo o que não dependia de geladeira (quebrada, lembram-se?) e tentando manter as nossas mentes sãs.

Acreditem, veleiro com tração balança. Mas sem isso... Jesus, Maria, José! Experimenta tentar viver dentro daquele brinquedo do falecido Playcenter, o Barco Vicking. Essa era a nossa rotina! As almofadas espaguete já não eram suficientes para manter a minha integridade física. E eu fui a única pessoa do veleiro (pausa para estufar o peito) que conseguiu tomar banho nos dois dias de deriva! Os frascos de shampoo e condicionador caíam na minha cabeça, eu tinha que me segurar pra não cair dentro do box, e tentar, na medida do possível, me depilar! Sabem aquele cara que fez a barba no filme “Apertem os cintos, o piloto sumiu 2”? A situação chegou perto. Não tive sangue frio, mas sangue de aço!

No segundo dia de deriva, as coisas começaram a ficar tensas. Ninguém se oferecia para nos resgatar, nosso prognóstico era ficar à deriva até alcançarmos o continente, a viagem praticamente perdida. E a ala feminina do grupo começou a se desesperar.

Umas fungavam baixinho. Outras, faziam beicinho. Eu só pensava: não acredito que paguei tão caro pra não chegar até Noronha! É muito azar!

Felizmente, o azar não durou muito. Finalmente, um pesqueiro de Belém do Pará, que ia para o penedo de São Pedro e São Paulo, apareceu para nos rebocar! Nunca esqueci o nome do barco: Mucuripe III. Salvos, enfim!

Nosso capitão jogou a nossa corda para o pesqueiro. Se fosse ao contrário, poderia perder a posse do navio, sabiam? Regras do mar. O pesqueiro amarrou a corda e começou a nos puxar...

E a corda arrebentou!

Tivemos que fazer toda a amarração de novo. Da segunda vez, funcionou, e o Mucuripe III nos rebocou, por cerca de 12 horas, até Fernando de Noronha. A viagem estava salva! Vejam, na foto ao lado, o mapa da nossa epopeia.

O mais engraçado foi a nossa chegada à ilha. Claro que, como não chegamos na data prevista, a guarda costeira estava à nossa procura. Os aviões da marinha já estavam prontos para decolar do continente e iniciar as buscas, quando finalmente conseguimos chegar. E quem nos esperava? A TV Golfinho, afiliada da TV Globo na ilha. Fomos entrevistados sobre a nossa aventura, passamos no noticiário local e viramos celebridades! A turma do veleiro Aussteiger chegou inteira, afinal!

Bom, falar dos passeios em Noronha daria outro causo. Mas nada tão diferente, tão desafiador, quanto uma deriva no oceano. Afinal, que operadora de turismo vende um pacote com uma atração dessas inclusas? Só pelo acaso mesmo!

Boa noite a todos!

Voou m+&%@ no ventilador...

Post de 18/02:


Galera, hora do causo!

 Já faz tempo, né? Mas não consigo escrever por "obrigação", o causo tem que "baixar" na minha cabeça. E essa chuva que promete colocar a cidade mais uma vez submersa resgatou um causo que aconteceu comigo há muito tempo. Foi tão "punk" que não dá pra esquecer!

 Aposto que estão pensado: lá vai ela se estrepar mais uma vez, certo?

 É, foi bem por aí.

Eis o que aconteceu.

Era uma tarde como essa. Tanta chuva que eu pensava que, a qualquer momento, veria a Arca de Noé descer a rua Clélia num rafting bem radical. Realizou a cena? Então.

Estava vindo, não sei de onde, para casa. Pelo menos tentando. Meu bairro, até hoje, é um horror em termos de transporte público. Pra vocês terem uma ideia, chegava a esperar até 3 horas por um ônibus que servisse o meu bairro. O perrengue era tanto que um dia, quando estava de carro, vi o ônibus passar e pensei: "que desperdício"! Queria largar o carro e sair correndo atrás do ônibus!

 Mas voltando ao causo...

 O ônibus havia me deixado na Lapa. Estava caminhando em direção ao Mercado da Lapa quando a chuva caiu, ou melhor, desabou. Parece que alguém estava jogando baldes de água em cima da gente. E, como se não bastasse a água, tinha o vento. Sabem aquela chuva que te acerta em cheio na horizontal e faz do teu guarda-chuva uma peça inútil de decoração? Exatamente assim!

 Até aí, nada de mais. Afinal, quem sai na chuva é pra se "queimar", certo?

 Pois é, aí que o negócio ficou feio. A chuva era tanta, mas tanta, que transformou a 12 de Outubro num rio caudaloso. E não é figura de linguagem. Os sacos de lixo que estavam na calçada começaram a acertar os pedestres, numa versão totalmente trash do Angry Birds. E, claro, me acertavam também!

 Quando esse bombardeiro mal cheiroso começou, não tinha mais o que fazer, a não ser procurar abrigo. Mas os comerciantes, muito solidários, fecharam as portas rapidinho! E eu, bocó, fiquei sozinha, na 12 de outubro, no meio da corredeira de lixo!

 Comecei a procurar nas ruas próximas um abrigo. Em uma paralela, achei um bar que estava terminando de baixar as portas. Salvação! Eu, literalmente, fiz um "peixinho" e me joguei lá dentro. Um teto, afinal! Estava ensopada, suja e exausta, mas não ao ar livre.

Não era a única no boteco. Umas 30 pessoas se apinhavam no balcão, esperando o grosso da chuva passar. E demorou um pouco. Quase uma hora de toró incessante! E nem tinha como avisar a minha mãe, naquela época, celular era coisa de ficção científica!

 Putz, entreguei a idade! Hehe...

 Quase uma hora depois, o boteco levantou as portas. E o que vimos nos deixou de queixo caído. Parecia que a Lapa havia sido bombardeada! Lixo espalhado por toda a parte, bueiros entupidos, árvores caídas, carros batidos, telefones públicos mudos. Até hoje, não vi algo parecido. Era realmente assustador!

 Mesmo em meio a tanta destruição, tive que me resignar e encarar o meu destino. Chegar em casa, de ônibus. Aquele que leva horas pra passar no ponto, citado no começo do causo, lembram?

Fui andando em direção ao ponto, assimilando a destruição que me cercava. Outros pedestres, igualmente pasmos, caminhavam, cabisbaixos, atrás das suas "conduções". A perspectiva não era boa. Quanto tempo iríamos esperar por um ônibus? No meio desse caos todo? E já estava escurecendo, o que deixava a situação toda muito mais deprimente.

Estava perdida em pensamentos, tentando manter o pouco calor do corpo que me restava, quando começo a atravessar a última rua que me separava do ponto do meu famigerado ônibus, perto da estação de trem da Lapa. Até aí nada de mais certo?

 Hahahaha!! Realiza o que aconteceu!

Aviso: se você, leitor, é cheio de "nojinho" por qualquer coisa, pare de ler agora! E vai ter linguagem chula também!

 Eu avisei, heim? Não venham reclamar depois!

 Voltando ao causo.

Estava atravessando a rua para, como já dizia a galinha, "chegar ao outro lado", quando sinto que o chão, de repente, havia ficado muito escorregadio.

Levei um susto. Comecei a patinar no meio da rua! Mas que diabos, o que está acontecendo?

 Foi só aí que resolvi olhar pra baixo.

 E vi o que era...

 Socorro!!!!!

 Estava andando num mar de merda!!!!

 Isso mesmo, caro leitor. Alguma fossa deve ter estourado por perto, espalhando cocô pra todos os lados!!

 Eu congelei! E agora? Estou quase caindo aqui, não quero mergulhar de cabeça nesse monte fecal!!

 Não conseguia ir pra frente ou pra trás. Qualquer movimento em falso, era queda na certa. E descobriria o verdadeiro significado da expressão "cair na merda". Ou qualquer chavão parecido.

Comecei a olhar para os lados, buscando ajuda. As pessoas me olhavam, boquiabertas. Iam atravessar também, mas pararam ao verem a minha cara de terror. Olharam para o chão... E foram procurar outro lugar para pegar o ônibus.

Só que a madame aqui ainda estava empacada no meio da rua, né? E como sempre, nessas situações críticas, aparece o sujeito "espírito de porco". Um cara me olhou e disse, a plenos pulmões:

 - Aí, dona, num vai caí na merda, heim? Hahahaha!!!

 E foi embora, sem pensar em me ajudar!

 Ora, seu fdp...

Grrrrr!!!

 Felizmente, um motoqueiro, equipado com botas, se apiedou de mim. Foi andando, com cuidado, até onde eu estava e me ofereceu apoio para atravessar a rua. Graças a ele, alcancei a relativa segurança da calçada. Imunda, meu vestido um trapo, e as minhas sandálias... Pois é, leitor, estava de sandálias. De salto anabela!

 Tá, podem parar de rir, porque ainda tem mais...

 Tentando limpar os sapatos fazendo o arrastapé na calcada, percebo que a movimentação de veículos aumenta. A cidade começava a sair da inércia. E o primeiro veículo que passou na rua cheia de cocô foi uma moto.

Pobre coitado... Com a pista escorregadia, ele deu uma derrapada espetacular no asfalto, jogando a "merda no ventilador", para todos os lados!

Eu, que já imaginava que isso iria acontecer, me escondi atrás de uma pilastra. A maioria não teve a mesma sorte: foram salpicados de cocô!

 O pobre motoqueiro, todo lambuzado, se levanta, pega a moto e vai andando, na corda bamba, até a calcada. E enquanto ele se limpava, outro pobre motoqueiro tem o mesmo destino. Mais uma queda espetacular, mais cocô voando pelos ares!

 O primeiro motoqueiro foi ajudar o segundo. Não tiveram tempo de chegar na calçada. Caiu o terceiro e, depois, o quarto!! Já o quinto conseguiu se equilibrar. Afinal, quatro pessoas já haviam feito a "limpeza da pista"!

 Vendo todo esse espetáculo, é claro que comecei a passar mal. Mas dei risada também. Era tão surreal aquele "surfe na merda" que, pensando bem, não tinha como não rir!

Brincadeiras à parte, o que eu queria mesmo era sair dali, o quanto antes, e injetar um pouco de desinfetante na minha veia.

Não esperei pelo meu ônibus. Peguei o primeiro que passou. Não me deixaria perto de casa, mas seria melhor andar do que ficar assistindo aquele monte de merda voando pra lá e pra cá.

Claro, não fui a única com essa ideia, então o ônibus estava lotado. Mas estava tão cansada, tão suja e tão humilhada que, sem a menor cerimônia, sentei no chão do ônibus para descansar. Que se dane a finesse. Estava no fundo do poço!

 Desci do ônibus 2 horas depois. Claro que o trânsito estava caótico, certo? Fui me arrastando por alguns quilômetros até a minha casa. Quando cheguei, minha mãe me olhou e perguntou assustada:

 - Filha, o que aconteceu?

 Eu não me agüentei e desabei a chorar:

 - Babãe, tô tota schuja di totô!!

 Na garagem mesmo, tiro toda a roupa que foi, obviamente, para o lixo. Tomei o banho mais demorado da minha existência e, mesmo assim, não conseguia me sentir limpa. Nada tirava da minha cabeça aquele monte de cocô voando pra lá e pra cá...

 Assim que o trânsito amansou, minha mãe me levou ao médico. Fiz exames e, felizmente, não peguei nenhuma bereba indesejada.

Moral da história: paulistano tem que estar preparado para enfrentar qualquer perrengue na cidade. E se não tem estômago pra isso, melhor procurar outro lugar pra morar. Afinal, parafraseando o Rei Leônidas de Esparta, "Isto! É! São Paulo!"

 Boa noite a todos!

Causo sério: incêndio em Santa Maria

Post de 27/01:


Causo triste. E um alerta!

Não há o que se falar do incêndio que matou centenas de pessoas em Santa Maria.

Poderia desfilar um rosário aqui, levantando possíveis culpados, tanto da parte dos donos da boate, como do poder público. Mas não vou fazer isso.

Sabem, são tragédias desse calibre que nos fazem mudar a atitude em relação ao fogo. Os incêndios dos edifícios Joelma e Andraus, em SP, são exemplos disso. Depois desses acontecimentos, o código de edificações da cidade sofreu alterações e nossos prédios ficaram mais seguros. Não imunes, claro, mas muito mais seguros.

Agora pergunto: vocês sabem o que fazer em caso de incêndio?

 Aposto que a maioria não sabe. Provavelmente, nunca pensaram em se inteirar do assunto. E aposto que fogem dos cursos de brigada de incêndio que os empregadores oferecem como o diabo da cruz, não é? Ah, é mais trabalho, mais responsabilidade, vou perder meu tempo.

Fica a dica: aprender a como reagir em um incêndio NÃO É perda de tempo. E pode salvar a sua vida!

 Sou brigadista há mais de 10 anos. Sempre faço cursos de reciclagem e, embora não tenha colocado em prática tudo o que aprendi, estou sempre em alerta.

Não é paranoia, é cautela. Afinal, é o "meu", o dos meus amigos e da minha família, é que estão "na reta"!

 Por exemplo, a primeira coisa que eu faço, assim que entro em um lugar fechado, é localizar as saídas de emergência e os extintores. Em qualquer lugar: cinema, teatro, shopping, escritório, avião e, principalmente, casa noturna, embora não freqüente muito.

E por que frisei a casa noturna? Porque já senti na pele o que é superlotação. E não gostei da sensação de não ter sequer a autonomia de sair do lugar na hora que quisesse. Claro, com uma multidão na minha frente, só chegaria até a porta, rapidamente, se usasse um cipó, item que não costuma enfeitar lugares assim.

Sei que tem gente que curte ouvir música bate-estaca em lugares escuros apinhados de gente. E isso não é da minha conta, cada um se diverte como quer. Mas seria bom que, ao entrar num lugar fechado (e altamente inflamável), seguisse alguns procedimentos básicos de segurança.

O que vou passar aqui é o que eu faço. Não sou especialista no assunto, mas até agora, esses passos têm me servido muito bem:

 1. Não encha a cara ao ponto de não saber onde está. Bêbado não reage a emergências com rapidez. E é o primeiro a ser deixado pra trás em caso de necessidade. Não se engane: seu "amigo do peito" vai preferir salvar a própria pele ao invés de ser atrasado por um peso morto;

 2. Ao entrar em um lugar, observe as saídas de emergência. Trace mentalmente uma rota para que, em caso de necessidade, saiba para onde ir;

 3. Às vezes, uma ação rápida salva a vida de todo mundo. Se o foco de incêndio é pequeno, se há um extintor por perto e você SABE diferenciar os tipos existentes e como usá-los, tome a iniciativa. Aqui é o grande diferencial do curso de brigadista. Mas não seja louco de jogar água em incêndio com eletricidade, por exemplo: a casa só vai cair mais rápido e, você, vai para o espaço, não tenha dúvida;

 4. Não sabe usar, ou o fogo já está fora de controle? Não pense duas vezes:  caia fora e chame os bombeiros! Evite criar pânico, pois uma multidão desembestada correndo para uma mesma porta NUNCA acaba bem!

 5. Não use elevadores em caso de incêndio. Use as escadas e, a não ser que o fogo tenha interrompido a rota de fuga, ande sempre para baixo e em direção à rua. Lembre-se: o fogo sempre sobe. Se for se refugiar no telhado e o incêndio ficar fora de controle, vai acabar, literalmente, "torrado", como o pessoal do Joelma. Nessas horas, nem helicóptero salva, pois não consegue se aproximar por causa do fogo;

 6. Tem fumaça? Ande abaixado, o ar é mais limpo perto do chão. Use um pano umedecido sobre a boca e o nariz para amenizar os efeitos da fumaça. Não ficará blindado, mas alguns segundos a mais de consciência podem ser a diferença ente a vida e a morte;

 7. Foi tentar abrir uma porta e queimou a mão? Sente calor vindo do outro lado?Cuidado, tem fogo te esperando! Não abra a porta e procure outra rota de fuga;

 8. Cuidado com corrimões. Pode parecer loucura, mas tem gente que já perdeu a vida por ter enganchado a bolsa em um corrimão, e não querer deixar os documentos para trás. Pensa, criatura: dá pra tirar outra via do RG, mas não da tua vida! Já repararam que os corrimões "acabam" na parede? Isso é justamente para evitar que bolsas fiquem enganchadas numa emergência, mas nem todos os lugares tomam esse cuidado. Que, inclusive, impede que seja concedido o alvará de funcionamento pelos bombeiros. Assim, as edificações irregulares (e as mais perigosas, portanto), são verdadeiras armadilhas. Se o corrimão não acaba na parede, atenção redobrada!

 9. Alguém se queimou? O melhor jeito de aliviar a dor do queimado é deixar escorrer água limpa, e corrente, no ferimento. Pelamordedeus, não vai passar pasta de dente no infeliz, achando que a "sensação que refresca" a sua boca vai ajudar o queimado! Esse tipo de socorro foi usado no Joelma, e foi um desastre. Queimaduras de grande extensão, deixe para os médicos cuidarem, a não ser que você saiba o que fazer;

 10. A última dica: é claro que os donos dos estabelecimentos e o poder público têm a obrigação de zelar pela segurança da população. Tem muita negligência por aí, mas acidentes, casos fortuitos ou de força maior, também acontecem. Às vezes, é só o puro e velho azar em ação. Então, se você tem ideia do que fazer em um incêndio, pode salvar a sua vida e a de outros. Temos que fazer a nossa parte, não podemos achar que toda a ajuda cairá do céu!

 Por favor, considere ser um brigadista. Nunca se sabe quando esse conhecimento pode ser a diferença entre, literalmente, viver e morrer.

Boa noite e boa reflexão a todos!

Bienal do Livro RJ. Aff!!

Post de 24/01:


Causo anunciado!

 E por quê? Uai, eu disse que ia escrever um, não foi?

Tudo por causa de um e-mail que recebi hoje. O remetente: Bienal do Livro Rio.

Fiquei babando de raiva quando recebi, sabem por quê? Os organizadores estão se gabando pelo fato de a Bienal ter sido citada, no jornal The New York Times, como um dos motivos que levaram o Rio a ser escolhido como a melhor cidade do mundo para se visitar em 2013.

No melhor estilo "Nelson", dos Simpsons: Ha ha... Ha ha...

 Faz-me rir!

 Aposto que ficaram curiosos para saberem o motivo, certo? E é justamente isso o tema do causo.

Realiza a cena:

Bienal do Rio 2011. O lugar dos sonhos? A princípio, nem pensava nisso. Afinal, a Bienal de SP é um arraso. Mas aquela edição de 2011 tinha uma coisa que o evento em SP jamais teve: a presença da autora Anne Rice!

 Se você, caro leitor, ainda não teve o prazer de ler um livro dessa mulher... Oh dó! Mas talvez se lembre de um filme estrelado por Tom Cruise e Brad Pitt, chamado "Entrevista com o Vampiro". Foi baseado no romance de estreia dela, de mesmo nome. Por sinal, o filme é uma droga. O livro é sempre melhor, muito melhor, do que o filme. Até os livros do Indiana Jones são mais caprichados (acreditem, eu já li)!

 Quem me conhece sabe, sou fã dessa mulher. Li todos, eu disse TODOS, os livros dela: as crônicas vampirescas, as séries das bruxas Mayfair, de anjos, de lobisomens... Até os romances esparsos, que não tem continuação. Enfim, tá tudo na minha cabeça (e na minha biblioteca).

 Para vocês terem uma ideia, visitei a cidade de New Orleans, nos EUA, por causa dela. A maioria dos seus romances têm a cidade como cenário, e ela nasceu e morou por muitos ano no Garden District, o bairro mais chique do lugar.

Fiquei uma semana perambulando pelas atracões inigualáveis de New Orleans, como a famosa Bourbon Street. Quem acha que a rua Augusta é exótica, não tem noção do que fala! Num mesmo quarteirão, dá para encontrar um hotel de luxo, uma casa de jazz com duelo de pianos ao vivo, um parque, uma loja de vodu e... um puteiro. Tudo em proporção similar. Sem falar no rio Mississipi, do pântano, da catedral, dos cemitérios...

Ah, os cemitérios são uma atracão à parte! Tem roteiros guiados que levam os turistas para uma jornada de terror: histórias de vampiros, que são nada mais do que assassinatos reais envoltos em fantasia. Até em "bar de vampiro" eu fui, doideira total! E, claro, fiz o tour à noite. Afinal, se era história de terror, qual a graça de ir de dia? Hehe...

 Visitei, também, a casa da Anne Rice. Uma mansão que, inclusive, serviu de cenário para as histórias das bruxas Mayfair. No melhor estilo "terceiro mundo sem civilidade", subi o muro e espiei, por um bom tempo, o quintal da casa, que não pertence mais à autora e não é aberta à visitação. Quem leu o livro sabe o que aquele lugar esconde... Foi sensacional!

 Bom, se for contar o que aconteceu nessa viagem, já escrevo outro causo, ou mesmo um livro. Mencionei essa viagem, bem como as minhas razões para visitar New Orleans, para que vocês tenham uma ideia de como eu fiquei nas nuvens quando vi que a Anne Rice viria para a Bienal do Rio. Era o lançamento do seu então último livro "Of love and evil".

Então pensei com meus botões: já fui a New Orleans e não a encontrei por lá, vou aproveitar a chance e pegar uma dedicatória dela no Rio!

 Agora sim, vamos ao "cerne do causo".

Embora soubesse com muita antecedência da presença da autora, não sabia o dia exato. Já estava preparada para tirar férias, usar dias de eleitoral, o que fosse necessário para ir ao RJ e conhecer a Anne. O problema era: quem disse que os organizadores da bienal montavam a programação? Escrevi para a organização e tudo o que eu consegui foi um "ainda não fechamos o programa". Acho que foram uns 4 e-mails até obter essa resposta lacônica. Ora, sem a data, como posso comprar a passagem e programar a viagem? Tudo dependia disso! Nem a própria autora sabia: eu escrevi para ela no Facebook, e ela me respondeu! Gentileza pura, mas estava mais perdida do que eu...

 Enfim, quase na véspera, saiu a data: 7 de setembro. Pensei: perfeito! Feriado, consigo ir! Fui atrás das passagens aéreas, e tive a ideia de convidar duas amigas da JF, a Priscila e a Jane, para irem comigo. Coitadas.. Se soubessem o que iria acontecer...

 Pois bem, decidimos por "farofar" no Rio: ir e voltar no mesmo dia. Afinal, o objetivo era ver a Anne Rice, e ela estaria disponível só por um dia mesmo... Bóra voar!

 Pegamos o avião em Guarulhos e descemos no Santos Dumont pela manhã, acho que eram 8 horas. Nosso plano era dar um rolê pela cidade e, à tarde, irmos para a bienal. Pegamos o metrô e vistamos alguns pontos turísticos: museus, parques, coisas que não importam agora. O causo realmente começou quando chegou a hora de irmos para o Riocentro, local da bienal.

Claro, as 3 "perrapadas" estavam sem carro e com dinheiro contado, então dependíamos de ônibus.

Merrmão, e eu reclamando dos ônibus e do trânsito de SP... Foi um choque quase tão grande quanto o trânsito do Cairo. Era um feriado nacional e a cidade estava um inferno! Engarrafamento, espera infinita por ônibus, tudo lotado! Pensava: imagina isso aqui em dia útil? Quero voltar para o caos de SP. Lá, pelo menos, sei para onde ir!

 Para piorar a situação, o tal Riocentro é, literalmente, na pqp. Longe pacas. Longe mesmo! Tivemos que pegar 2 ônibus (pobreza modo "infinity") até o nosso destino. Horas em pé esperando o coletivo. Eu, com a minha coluna dolorida por causa da minha espondilolistese, queria me jogar no buraco mais próximo e nunca mais sair de lá. A Pri e a Jane me deixaram sentar (afinal era a mais idosa, né?) e agüentaram boa parte da jornada em pé.

O primeiro ônibus não foi tão ruim. Espera de uma hora, viagem de quase uma hora.

O segundo ônibus... Merrrmão... Socorro!

 Foram três horas de viagem até o Riocentro. Três horas! Como verdadeiros bagulhos no bumba, eu e minhas amigas sacolejamos pelo trajeto que incluiu áreas nobres, praias lindíssimas e favelas. Ah, o morro... O negócio é tão na vertical que dá vertigem! A impressão é que tudo vai desmoronar bem em cima da sua cabeça. Fiquei de soslaio no bumba, vai que "acho" uma bala perdida?

 Claro, não previmos que seria um parto o trajeto até o Riocentro. Ou seja, chegamos na bienal em cima da hora.

Aí, merrrmão, a casa caiu!

 Praticamente TODO o RJ resolveu passar o feriado na bienal!

 Eu já vi aglomeração em SP e em outros lugares do mundo. Mas nada, absolutamente nada chega perto daquilo! Para vocês terem uma ideia, as autoridades pediam, via rádio, que a população evitasse ir ao Riocentro, por causa da superlotação. E nós tínhamos rádio, por acaso? Já que o nosso objetivo era a bienal, não tínhamos muito o que pensar. Bóra encarar a fila!

 Fila para comprar ingresso. Fila para entrar. Fila para andar no pavilhão. Fila do banheiro. Fila da pizza. Fila da fila! Realiza: estação Sé do metrô na hora do rush não era páreo para aquele mar de gente!

 Com um mapa na mão, localizamos o estende da editora da Anne e fomos (em fila) até lá. E ai daquele que saísse da fila: era empurrado, "cotovelado", esmurrado, quase pisoteado! Quase 7 da noite e ainda estávamos tentando chegar no estande. Pensava: ah, vou pegar uma fila básica, consigo a dedicatória, falo um pouco com ela e pronto, certo?

 Errado!

 O supra sumo das filas era justamente para pegar autógrafos com a Anne Rice! Quilométrica, a perder de vista, e cheia de gente que, dotada do famoso "jeitinho", passava na frente na maior tranquilidade. Não conseguia nem ver a Anne: um mar de baba-ovos a cercava.

Olhei para o relógio, quase 8 da noite. Olhei para o horário do voo de retorno: 10 da noite. E não me contive. Chorei, a boca amarga por ter nadado tanto e morrido na praia. Que frustração!

Minhas amigas me olhavam com dó, mas nada podiam fazer. Eu me segurei o quanto pude. Afinal, elas não tinham nada a ver com o fracasso dos meus planos. Mas tive que encarar a realidade, dar as costas para a minha autora favorita e rumar para o aeroporto.



Tínhamos menos de 2 horas para o embarque, e levamos quase 5 horas só para chegarmos ao Riocentro. E agora, o que fazer? Colocar a mão no bolso e pegar um taxi!

 Mas pensam que foi só acenar a mão e entrar no carro? Claro que não! Tivemos que pegar fila para o taxi! Mais uma hora de espera! Claro, o local estava cheio de gente "esperta" que também furava essa fila, o que nos arrasou ainda mais. Fala sério, como tinha Bozó naquele lugar!

 Quando, finalmente, conseguimos um taxi, faltava menos de uma hora para a nossa decolagem. Disse ao motorista:

 - Merrmão, temos que estar no aeroporto em 45 minutos. Pisa fundo!

 E não é que ele pisou? Nunca embarquei numa corrida de taxi tão alucinante! Não tinha limite de velocidade. Farol vermelho? Só se tivesse radar!

 O sujeito correu tanto, mas tanto, que conseguimos chegar a tempo! Eu, aliviada, dei uma boa gorjeta, e nós três saímos em disparada para o guichê de embarque.

Que, por sinal, estava fechado!

 A atendente informa:

 - O embarque já encerrou!

 Com olhos estatelados, digo:

 - Como assim, ainda faltam 15 minutos! Não temos bagagem de mão! Pelamordedeus!!

 Finalmente, depois de um verdadeiro "dia de fúria", tivemos sorte. O voo atrasou! Mas como era tarde, a decolagem seria no Galeão.

Heim? Pensei: lá vai outro taxi! Felizmente, a cia aérea disponibilizou um ônibus, que ainda não havia partido, para o traslado. Diante disso (e dos meus olhos pidões no melhor estilo Gato de Botas), a atendente fez o nosso embarque e, depois de mais espera no Galeão, voltamos para SP.

Desembarquei arrasada. Peguei o meu possante, que estava estacionado no aeroporto, e levei a trupe de volta à terra da garoa.

Moral da história: mais vale um pássaro na mão (os livros da minha biblioteca) do que dois voando (uma procura por uma dedicatória). Claro, seria legal ter conversado com ela. Não deu, paciência. Ler as histórias da Anne Rice e ter conhecido New Orleans valem mais do que uma dedicatória.

Bom dia, pessoal!