sexta-feira, 31 de maio de 2013

Pedalando em Versailles

O post de hoje vai contar uma experiência inesquecível: andar de bike em Versailles!

Desta vez, nada de perrengues, apenas um agradável dia na França. Nem mesmo eu mereço perrengue todo dia, ne? Bóra ler!

Depois de muitas milhas voadas, descobri que a melhor maneira de se conhecer um lugar com autonomia e liberdade é pedalando. Já escrevi sobre isso no causo "Pedalando em Nova York" e, depois dessa experiência, vou pedalar em uma viagem sempre que tiver a chance.

Antes de embarcar rumo a França, fiz uma pesquisa online e descobri a empresa "Bike about tours". Muito bem avaliada no TripAdvisor, oferece dois tours: Versailles e Paris. O de Paris, farei amanhã. O de Versailles, conto agora para vocês como foi. 

O ponto de encontro foi em frente à catedral de Notre Dame. Ou seja, já começou em grande estilo. Aproveitei o fato de ter chegado cedo e visitei a catedral. Como foi uma visita rápida, farei um repeteco amanhã. 

A princípio, éramos só eu e meu pai. Só que foi chegando gente, e mais gente, e mais gente... No total, foram 2 grupos de 12 ciclistas, cada um com a sua guia. É a lotação máxima da empresa. Ou seja: o passeio é incrivelmente requisitado. E é assim porque vale a pena!

Rumamos para a estação de trem e embarcamos rumo a Versailles. A viagem, cerca de 12 milhas, foi feita com tranqüilidade. A paisagem era maravilhosa, bucólica. Passei quase o tempo todo olhando para fora. 

Assim que chegamos ao destino, fomos pegar as bikes. Equipamento novo, dotado de um câmbio de 3 marchas (mais do que suficiente) e uma grande cesta. Precisaríamos dessa cesta mais tarde, aguardem!



Depois das explicações iniciais, começamos a pedalar. Poucos minutos depois, demos de cara com esse cenário maravilhoso!


Se por um lado o lugar é lindo, a quantidade de gente que o visita é de assustar. Como um dos destinos turísticos mais conhecidos da França, Versailles recebe gente de todo o mundo, todos os dias, faça chuva ou faça sol. Tivemos sorte, pois não choveu. Só tivemos que suportar o frio. Mas quem sai na chuva é pra se "queimar", certo? Então bóra pedalar!

A nossa guia,  Amber, nos contou um pouco da história de Versailles. Sua origem, quem morou ali, a parte política também. Para esse tour, é essencial o conhecimento de inglês, pois tudo é dito nesse idioma. Se não souber, vai perder muita coisa. 

Próxima parada: mercado local. É o mesmo que abastecia a corte de Luis XV, puro charme! Estacionamos as bikes com uma missão: comprar suprimentos para fazermos um piquenique nos jardins de Versailles! 

Chegando lá, vi que a cidade está repleta de empresas que oferecem o tour de bike. Os próprios moradores usam a bike todos os dias, como meio de transporte. 



Fomos atrás dos nossos mantimentos para o piquenique. Compramos vinho, sanduíches na baguete, croissants e salada. Enchemos a nossa cesta e rumamos para os famosos jardins.

Em algumas áreas, as bikes não são permitidas. Estacionamos e fomos à pé. 



Enquanto nos deliciávamos com a paisagem, nossa guia nos explicava a etiqueta da corte, como a área verde era utilizada pela população (é, os súditos eram livres para entrar e sair do lugar, também fiquei surpresa), e como a vida do rei e da rainha era apresentada à corte como um espetáculo. Mesmo não estando florido, o jardim é de tirar o fôlego!




Enquanto o meu pai e eu tirávamos fotos, a guia veio puxar assunto comigo. Não havíamos conversado muito, e ela quis saber de onde eu era. Respondi:

- São Paulo, Brasil!

Ela:

- Ah, Brasil! Tivemos uma guia na empresa que também era brasileira!

Enquanto dizia isso, foi caminhando para o resto do grupo. Foi quando ela disse, para todo mundo ouvir:

- Descobri, pessoal, eles são do Brasil!

E todo mundo, quase em uníssono:

- Ah, Brasil!

Olhei para a guia sem entender o porque da reação. Foi aí que ela me explicou:

- É que o pessoal estava curioso para saber de onde vocês eram!

Olhei para o grupo e falei, em inglês:

- Pessoal, podem me perguntar, eu falo inglês!

Sorrisos apareceram de imediato e, na seqüência, engatilhei uma série de conversas. 

Para a americana que era de Atlanta, Georgia, contei que já havia visitado a sua cidade. Falei do que vi, o que achei, e trocamos muitas informações. 

Também conversei bastante com um casal canadense, os únicos que estavam de capacete. Foi aí que eles me disseram que estão há semanas pedalando pela Europa. Já pensaram, que delícia? E como já visitei algumas cidades no Canadá, nos pusemos a conversar. Eles mencionaram a copa do mundo a ser realizada no Brasil. Pensam em vir para cá! E eu só pensando no caos do nosso transporte público, nos estádios inacabados... Respondi a ele:

- É, teremos a copa... Mas não sei se estará tudo pronto. Espero que esteja!

Ele me olhou com uma cara de interrogação, e continuei:

- Sabe, no Brasil as coisas são um pouco complicadas porque blá blá blá...

O sujeito me ouviu atentamente. Mas não creio que o tenha desencorajado a vir para cá. Tudo pelo futebol!

Antes do almoço, fizermos uma parada nos jardins Trianon. Trocando em miúdos, a "minifazenda" da Maria Antonieta. Era para esse lugar que ela vinha em busca de privacidade.



Mais uma vez, a guia deu um show ao contar a história da esposa do Luis XVI. Segundo ela, a rainha foi vitima de um marketing desastroso, o que contribuiu para a sua má fama que perdura até hoje. 

Recentemente, foi feita uma pesquisa junto a população francesa, na qual foi perguntado se, de acordo com o entrevistado, Maria Antonieta deveria receber a pena de prisão, a guilhotina ou ser libertada. Mais de 60 % da população a mandou para a guilhotina! Quando o entrevistador perguntava o motivo, a resposta era: Ah, bem, sabe como é... E nada plausível era apresentado para uma pena tão severa. E isso duzentos anos depois, heim? 

É chegada a hora do almoço! Todos sentados na grama, comendo e desfrutando da paisagem. De tirar o fôlego!



Depois de muito vinho, comida e bate papo, hora de conhecer o interior do palácio. 

E que interior!

Ostentação à máxima potência, Versailles foi construído para impressionar, e mostrar o que a França tinha de melhor em termos de arte e decoração. Praticamente uma "Casa Cor". Tudo o que estava exposto era de origem francesa. Exceto os espelhos, vindos de Veneza, que adornam o Salão dos Espelhos. Esse humilde corredor mostrado abaixo:



Uma coisa é certa: não é fácil tirar fotos no interior do palácio. Não é por causa dos guardas. O problema é a quantidade de gente lá dentro! Chega a ser assustador: a hora de turistas te leva, independentemente da sua vontade, pelos corredores. Cada parada é um flash, em dúzias de idiomas diferentes. Só não era uma visão do inferno porque era Versailles!

Interior visitado, hora de voltar a Paris. Eu, feliz da vida por ter pedalado e passado o dia inteiro sem dor nas costas. Caminhada, para mim, é um horror, dói tudo. Mas é só me colocar numa bike que eu pedalo quilômetros sem reclamar. E quem pedala, vai mais longe!

Boa noite, pessoal!


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