quarta-feira, 15 de maio de 2013

Perrengues aéreos


Pois é, caro leitor! Andei um pouquinho afastada do blog, pois estou me preparando para mais uma série de causos de viagem. Este mês embarco para a França, Portugal e Espanha! Mas a viagem iminente, mais a inspiração provida pelos meus colegas de trabalho, me deram a ideia para o post de hoje: causos de avião!

Duvido, e faço pouco, se quem viaja com certa freqüência não tenha pelo menos um perrengue para contar. Engraçados, tristes, trágicos, por aí vai. Mas como vocês sabem, o foco aqui é no cômico ou, no máximo, no tragicômico. E como tenho alguma milhagem acumulada na minha velha carcaça, tenho umas passagens interessantes para contar.

Não sei quanto a vocês, mas eu ADORO voar! Desde pequena era fascinada por aviões. Não os de guerra, mas os comerciais mesmo: Boeing, Airbus e assim por diante. Sou capaz de ficar meia hora assistindo na TV um documentário que mostre como se faz a troca de um pneu de Boeing. É uma delícia!

Uma vez eu e meu pai, que também adora voar, quase fizemos uma loucura: por muito pouco não compramos um simulador de voo. Mas não estou falando de Playstation, caros amigos. Queríamos comprar um simulador de verdade, usado para treinamento de pilotos! Mas como era uma fortuna e teria pouco uso, a razão caiu sobre as nossas cabeças antes que gastássemos o equivalente a um carro de luxo no equipamento. Mas que nós dois fizemos beicinho para a fria realidade, fizemos...

Ainda lembro da primeira vez que andei de avião. Eu era “de menor”, estava na sexta série e meu destino era Porto Alegre. Logo de cara, viajei sozinha! Meus pais me entregaram para aeromoça da Varig (pois é, viajei de Varig!), deram adeus e foram comemorar a minha viagem, pois fiquei um mês longe de casa sem azucrinar a vida deles. A aeromoça colocou todos os meus documentos numa sacola e a pendurou no meu pescoço. Em letras garrafais, estava escrito “menor desacompanhado” na tal sacolinha. Mais mico, impossível. Eu, entusiasmadíssima com a viagem, nem aí para a coisa. Curti cada momento: entrar no avião, apertar o cinto, e experimentar a minha primeira decolagem.

Ah, a decolagem... momento solene, sagrado, de qualquer viagem! Quando o avião dá aquele arranque no melhor estilo albatroz do filme “Bernardo e Bianca”, lá vamos nós! É o momento que, para mim, marca oficialmente o início de uma viagem. Fico feito boba alegre, curtindo os estalos do ouvido resultantes do ganho de altitude. Olho a janelinha, sinto o avião fazer as curvas e não consigo tirar o sorriso ridículo que fica estampado na minha cara quando estou no ar. Aí sim, cai a ficha. Estou viajando!

Lembro que, naquela época, os talheres de bordo eram de metal, personalizados com o emblema da Varig. Hoje, é plástico e olhe lá. Mas teve uma coisa que jogou um pouco de água fria naquele primeiro voo: a comida. Para meu azar, o almoço era o prato que eu mais detesto na face da terra: estrogonofe! E, ainda por cima, frio! Comi o arroz, uns “petisquetes” e me virei até chegar a Porto Alegre. Nem o estrogonofe conseguiu tirar o sorriso do meu rosto (pelo menos não por muito tempo).

O que quase me deixou realmente de “bode” foi que, pelo fato de eu estar desacompanhada, tive que ficar na “creche” do avião, junto com outras crianças igualmente largadas pelos céus, a ala dos “menores desacompanhados”. Era mês de férias, então tinha muita criança sendo despachada para longe de casa. A aeromoça nos deixou a deus-dará e eu, como a “criança mais velha”, tive que assumir a tarefa que seria dela: alimentar aquele bando de pirralhos. Dar comida na boca, passar manteiga no pão, dar leitinho e limpar a caquinha do nariz com guardanapo... enfim, uma coisa! Tinha criança chorando porque queria a mamãe, outra porque queria mais comida, outra porque queria ir ao banheiro. Eu chamava a aeromoça e a criatura me ignorava solenemente.

Não teve jeito, tive que ser pajem. Mas não deixei barato. Afinal, eu sou uma chata de galocha desde os tempos do berçário, certo?

Naquela época, a Varig disponibilizava, na sacolinha de documentos do “menor desacompanhado”, um formulário para que o passageiro fizesse sugestões e críticas. Eu peguei o meu e, no meio daquela choradeira toda, escrevi uma carta indignada, reclamando do descaso para com os órfãos do ar (haja melodrama). Não me lembro do texto, mas asseguro que era inteligível e gramaticalmente viável. Mas nunca recebi uma resposta, mesmo tendo colocado meu endereço na carta. Afinal, naquela época ninguém falava de direitos do consumidor. Paciência, ficou “barato” mesmo.

Outro perrengue aéreo digno de nota aconteceu no retorno da minha primeira viagem internacional: Nova York! O ano era 1988 e, naquela época, não havia voo direto de lá para São Paulo. Assim, eu e meu pai tivemos que fazer escala no Galeão para, depois, pegar um voo para casa.


Foi nessa viagem que eu tive o primeiro contato com a famigerada, e onipresente no meu orçamento, classe econômica. O passageiro se sente como num poleiro, ou numa chocadeira. Aquele mar de gente pobre que não pode viajar de primeira classe (nem sei como eu me agüento, tenho horror a pobre) espremida na cadeira com a desenvoltura de uma sardinha em lata. Realmente glorioso. Mas, convenhamos: dá para chegar ao destino, certo? Então é melhor viajar no poleiro ao invés de passar a eternidade juntando milhas para a primeira classe. Viajar é preciso!


Voltando de NY na classe econômica da JAL, em 2006. Conforto à toda prova!

Eu e meu pai chegamos pela manhã acabados. Destruídos. E famintos. O café no poleiro não era grande coisa. Mas tudo bem, pegaríamos a conexão às 11 da manhã para SP, então esperávamos almoçar já na terra da garoa.

Só que, na chegada, tivemos uma surpresa desagradável: uma mala desaparecida. Tá, teria sido pior se a mala perdida fosse a de bugigangas. Felizmente era só a mala de roupa suja. Mas é roupa que, lavada, tá nova, né? Tínhamos que recuperá-la.


Aí, caro leitor... começou a peregrinação. Eu, meu pai e mais uns 15 passageiros com a mesma “sorte” (incluindo um cadeirante), tivemos que preencher toda a papelada necessária pertinente ao extravio de bagagem. Só que isso levou tempo, muito tempo. Tentaram procurar a mala, ninguém sabia onde estava o tal formulário, tudo muito confuso. Resultado: perdemos o voo para SP.

Exaustos, tivemos que remarcar o voo para o próximo horário disponível, duas da tarde. Mas e a fome? Eu nem sei se meu pai tinha cartão de crédito naquela época, ou se ele funcionava, ou se a lanchonete não aceitava. O fato é que estávamos sem um tostão brasileiro no bolso. Para ser franca, nem lembro qual era a moeda da vez naquele ano, mas tudo o que eu tinha na bolsa, e meu pai no bolso, eram dólares. E ninguém no Galeão aceitava pagamento em dólar. Onde estavam com a cabeça? Hehe...

Para piorar, a companhia aérea (a belezura da Aerolineas Argentinas) não deu nem um Biscrock para os cães famintos. Ficamos apenas com a água do bebedouro, aguardando, esfomeados, o voo das 2 da tarde. Que, na véspera do embarque, foi cancelado! E sem perspectiva de remarcação.

Ah, pqp...


Foi a gota d’água. Papai subiu nos tamancos!

Uma dica para quem lida com o público: não irrite um português diabético. Não tem como ganhar uma discussão nesse caso. Ou o português ganha, ou entra em coma. O coma é pior para a imagem da sua empresa. E a situação ainda piora quando o português está coberto de razão!

Imediatamente, meu pai assumiu a liderança do grupo dos sem mala. E decretou: vamos invadir o próximo voo para SP!

Gangue devidamente inflamada pelo entusiasmo do meu pai, todos o seguiram pelos corredores do aeroporto, tentando descobrir um voo que nos levasse para casa. E descobrimos um, que faria escala em SP para depois seguir até Buenos Aires. E havia assentos disponíveis para todos nós. Assim, nos postamos na porta de embarque e bradamos: daqui a gente não sai, só para entrar no avião!

Foi uma confusão daquelas! Chegou segurança do aeroporto, chefe de comissários e executivo da companhia para acalmarem os nossos ânimos. Meu pai, o “cabeça do movimento”, bradava aos 7 ventos o desrespeito para com o grupo, para com o passageiro cadeirante, que estávamos naquela situação porque a companhia aérea perdeu as malas de todos nós, que era inadmissível e blá blá blá...


Como estávamos enfurecidos, a companhia achou melhor ceder. Afinal, nosso exuberante grupo já chamava a atenção dos outros passageiros. Enfim, era um verdadeiro circo. Mas ainda tentaram dificultar a nossa vida. Uma comissária chegou para o meu pai e iniciou um diálogo:

- Então, como os senhores estão com o bilhete de embarque rosa do outro voo, é necessário ir ao guichê e trocar pelos bilhetes de cor azul...

- Não vou arredar o pé daqui para trocar porcaria de bilhete algum. Vocês vão ter que se virar! – bradou meu pai

- Mas é preciso trocar...

- Vai lá e troca você! Se sairmos daqui, é capaz da segurança não nos deixar voltar! Tá pensando que somos um bando de trouxas? Vocês são uns incompetentes, malandros e blá blá bla...

Os outros passageiros bateram palmas! A comissária teve que enfiar a viola no saco e trocar os bilhetes ela mesma. Ou então acabaria linchada pela nossa trupe.


Quando conseguimos, finalmente, entrar no avião, já era quase cinco da tarde. Somado ao tempo que montamos vigília na porta, ficamos praticamente o dia inteiro sem comer. Estávamos famintos! Assim, embarquei esperançosa de receber, finalmente, um Biscrock para forrar o estômago e disfarçar o buraco negro que se formava na minha barriga.

Pasmem. Tudo que nos deram foi um copo de suco. E do pequeno! Como se não bastasse, ficamos sentados dentro do avião, por quase uma hora, aguardando a decolagem. Ninguém merece...

Eu e meu pai bebemos o suquinho em um único gole, e passamos a “secar” o dos outros passageiros. Gente esfomeada faz esse tipo de coisa, é fato. E, como sempre, tem um passageiro que faz biquinho para beber o suco, enrolando, fazendo charme, como se quisesse esfregar na nossa cara, de propósito, o fato de ter ainda suco para beber. Isso é enervante, sabiam?


Só que a passageira, no caso, não conseguiu degustar todo o suco. Enquanto fazia firulas com o copo, o avião deu um tranco. Começou a ser rebocado de ré para a decolagem e o suquinho da criatura, tão cuidadosamente preservado, virou todinho em cima da roupa branca imaculada da pessoa. Nunca vi tanta indignação por um copo de suco derramado! Imediatamente a mulher se colocou de pé e começou a bradar:

- Mas que absurdo! Olha só o que aconteceu, suco na minha roupa branca!

Meu pai, que havia secado o suco da mulher até não poder mais, ria em silêncio. Bem feito, perua! A aeromoça, já sentada no seu banquinho, interrompeu a ladainha:

- Senhora, sente-se agora e aperte o cinto, o avião está em movimento!

- Mas a minha roupa está toda suja de suco...

- Senhora, SENTA E APERTA O CINTO. AGORA!


Ui, deu até medo! A mulher, suja e indignada, teve que sentar e ficar de boquinha fechada. Só depois, em altitude de cruzeiro, conseguiu ir ao banheiro para tentar limpar a roupa. Não adiantou muito, ela seguiu para Buenos Aires com uma enorme mancha laranja na roupa branca. Quem mandou ficar enrolando para tomar o suco?

Quando chegamos a SP, eram quase 8 da noite. Minha mãe, no aeroporto desde cedo, já estava mais do que atordoada. Lembrem-se, o ano era 1988, ou seja, sem celular, sem internet, sem whatsapp. Não tínhamos como avisá-la do atraso. Felizmente, como mamãe era esperta, foi se informar com a companhia aérea e ficou sabendo da perda da nossa mala. Ficou sabendo, também, que um grupo de passageiros, liderado por um “homem esquentadinho”, estava aprontando todas no Galeão. Quando finalmente conseguimos desembarcar, ela foi ao nosso encontro. E começou a falar:

- Jô (meu pai é Joaquim), o que aconteceu?

- Aqueles miseráveis incompetentes não estavam deixando a gente voltar para casa! Tivemos que invadir um avião!

- Ah, então era você o “homem esquentadinho”? Bem que eu desconfiei que você era o líder do movimento...


Eu, nada dizia. Só balbuciava a palavra “comida”. Só que precisei esperar até chegarmos em casa para comer, pois meu pai saiu do aeroporto pisando duro. É, foi punk, mas chegamos, finalmente!

Em outro perrengue digno de nota, estava viajando com os meus pais, de Madrid, rumo à cidade do Porto. Eu, animadíssima para conhecer as dúzias de primos que tenho em Portugal, não via a hora de chegar.

Embarcamos normalmente, tomamos os nossos assentos e o avião decolou. Na altitude de cruzeiro, começou o serviço de bordo. Deram o Biscrock padrão da companhia (Iberia), mas o que chamou a nossa atenção foi o sorvete. Era um potinho de Häagen-Dazs!

Por que o meu entusiasmo? Oras, o ano era 1999, não existia Häagen-Dazs no Brasil naquela época. Já havia ouvido falar naquele sorvete, e estava doida para provar. Mas alegria de pobre dura pouco: o sorvete foi servido completamente congelado!



Veja bem, não é que o sorvete estava durinho. Estava petrificado. Não entrava colher, mal dava para segurar de tão frio. Olhei frustrada para o meu potinho. Ah, não é possível, não vou conseguir provar esse negócio? Será que o de todo mundo está congelado também? Olhei para trás e vi, nos rostos dos outros passageiros, a mesma cara desolada. O sorvete estava simplesmente “incomível”.

Não me dei por vencida. Peguei o meu potinho e comecei a esfregar na mão, como se estivesse girando o graveto para acender uma fogueira. Os outros passageiros viram a minha manobra e começaram a me imitar. Aos poucos, o sorvete foi derretendo, então pude rasgar o potinho e ir chupando aos poucos. É, o sorvete era bom demais!


Mas nem todos são pacientes. Papai, por exemplo. Ele rasgou o potinho e começou a roer o sorvete, no melhor estilo Pernalonga comendo uma cenoura. O problema é que ele foi com muita sede ao pote. Mordeu o sorvete congelado com força... e quebrou um dente! Pois é, caro leitor. Saiba que é possível quebrar um dente chupando sorvete, meu pai conseguiu essa façanha. E o pior, quebrou o dente no início da viagem! Ficou com o sorriso torto, tentando esconder a janelinha, pelo resto das nossas férias. Claro, ficou ensandecido de raiva e começou a resmungar:

- Mas é um absurdo servirem uma porcaria dessas, olha só o que aconteceu e blá blá blá...


Lembrem-se: português diabético e com razão, certo? Mas como mamãe estava conosco desta vez, conseguiu colocar panos quentes na situação, ou a viagem estaria perdida sem ao menos ter começado. Como se não bastasse, pegamos uma tremenda turbulência ao nos aproximarmos do Porto. O avião tinha quedas repentinas, tremia, e algumas bagagens de mão chegaram a despencar dos maleiros. Eu, adolescente sem noção, estava adorando o voo com “emoção”. Meus pais, mais sábios, estavam brancos de medo. Felizmente, o piloto era um ninja e fez um pouso sem qualquer incidente. E lá se foi a família buscapé encontrar os conterrâneos, com meu pai sem o seu habitual “sorriso Colgate”.

Depois de produzirmos muitos causos em Portugal (vejam o post http://causosdafefa.blogspot.com.br/2013/04/causos-brasileiros-made-in-portugal_4.html), pegamos um voo do Porto para Madrid, onde faríamos a conexão para SP. E mais uma situação inusitada aconteceu.


Mamãe sempre ia muito ao banheiro, por questões de saúde. Ela sempre me dizia: “nunca perca a oportunidade de usar um banheiro disponível, ainda mais se estiver limpinho, mesmo que não esteja com vontade”. Ou seja, banheiro, para ela, tinha que estar sempre à mão.

Pois nesse voo, ela foi surpreendida. Ao se levantar da cadeira para ir ao banheiro, foi bruscamente interrompida pela aeromoça, que falou:

- Não pode usar o banheiro!

Mamãe empalideceu. COMO ASSIM, não pode usar o banheiro? A aeromoça esclareceu.


- Não pode usar o banheiro, está estropiado!

Aff! Não tinha banheiro funcionando! Para ninguém! Nenhum passageiro poderia usar o banheiro, o troninho estava ESTROPIADO!

Agora, realiza a cara da mamãe. Não é só o meu pai que tem a habilidade de se enfurecer. Mamãe também tinha. Mas o estilo dela era mais letal: muita educação, fala mansa e um olhar mais penetrante do que a visão de raio X do Superman. A combinação era realmente assustadora. Ela começou a falar com a aeromoça:

- Como assim, está estropiado? Eu preciso usar o banheiro, tenho problemas médicos, não posso deixar de ir ao banheiro!

- O banheiro está estropiado! – repetia a aeromoça.

Mamãe respirou fundo e disse, numa fala bem suave:


- Muito bem, vou tentar segurar até Madrid. Mas se não conseguir, vou fazer xixi no meio do corredor deste avião, bem na sua frente. E ainda processo essa companhia vagabunda pelo meu vexame. Estou me fazendo entender, moça?


Ah, a “moça” entendeu perfeitamente o português da mamãe. Empalideceu, olhou para baixo, envergonhada, e nada disse. Minha mãe viajou o tempo todo de pernas cruzadas, segurando o xixi, até chegarmos a Madrid. Felizmente, não precisou fazer a cena do corredor, mas foi por pouco. Pois aí não seria mais um causo do blog, mas um causo de polícia!

Claro, não é só voo internacional que rende causo. E não é só voo internacional que tem banheiro interditado.


Desta vez, estava em Natal, com destino a Fernando de Noronha. Viajava com a minha prima, e aquela era a primeira vez que ela andava de avião. O primeiro voo de SP para Natal transcorreu sem incidentes. Perguntei a ela, antes da decolagem:

- E aí, com frio na barriga?

- Não, tá tudo normal, tranqüilo!


Até que ela foi bem, estava empolgada e curtiu o voo. Claro, estava nervosa, mas não admitiu, queria ficar bem na fita, claro. Curtimos a viagem (veja o causo http://causosdafefa.blogspot.com.br/2013/02/ai-meu-fiofo.html) e pegamos mais um voo rumo a Noronha.


Ao embarcarmos, já percebi que o avião (Nordeste) era um tremendo teco-teco. Olhei para a minha prima, e ela não demonstrava a segurança do voo anterior. Aliás, perfeitamente compreensível, dado o estado da aeronave. Fiz novamente a pergunta:

- E aí, com frio na barriga?


Fiz a pergunta, pois ao examinar mais de perto nosso avião, até eu fiquei com receio. Realiza a cena: bancos remendados com fita crepe! Fala sério, o que passa pela cabeça do passageiro quando vê isso? Que os motores estão remendados da mesma forma, certo? Eu nem comentei nada com ela, para evitar pânico. Ela, para mostrar coragem e desprendimento, respondeu:

- Não, tá tudo normal, tranqüilo...

E eu só reparando nas mãos dela cravadas no encosto da poltrona, nervosismo em pessoa. Mas admitir o medo? Jamais!

Decolamos rumo a Noronha sem incidentes. E desta vez, quem precisou usar o banheiro fui eu. Só que não pude. O banheiro não estava estropiado, caro leitor. Estava repleto de carga!


Pois é, era o “contrabando da tripulação”. Até onde consegui apurar, o pessoal enchia o banheiro de produtos para revenda no arquipélago. Afinal, qualquer coisa só chega a Noronha via ar ou via mar. O frete é caro, a companhia aérea paga pouco, sabe como é, nada como ter uma fonte de renda extra, certo? E que se dane a bexiga cheia dos passageiros!

Digo uma coisa a vocês. Mesmo com tantos perrengues no ar, não dá para deixar de viajar. Como já disse Martha Medeiros, “Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo”. Agora, com licença, vou ler o novo livro do Dan Brown e matar as saudades da fase áurea do Guns N’ Roses.

Bom dia, pessoal!



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