quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Causo sério: incêndio em Santa Maria

Post de 27/01:


Causo triste. E um alerta!

Não há o que se falar do incêndio que matou centenas de pessoas em Santa Maria.

Poderia desfilar um rosário aqui, levantando possíveis culpados, tanto da parte dos donos da boate, como do poder público. Mas não vou fazer isso.

Sabem, são tragédias desse calibre que nos fazem mudar a atitude em relação ao fogo. Os incêndios dos edifícios Joelma e Andraus, em SP, são exemplos disso. Depois desses acontecimentos, o código de edificações da cidade sofreu alterações e nossos prédios ficaram mais seguros. Não imunes, claro, mas muito mais seguros.

Agora pergunto: vocês sabem o que fazer em caso de incêndio?

 Aposto que a maioria não sabe. Provavelmente, nunca pensaram em se inteirar do assunto. E aposto que fogem dos cursos de brigada de incêndio que os empregadores oferecem como o diabo da cruz, não é? Ah, é mais trabalho, mais responsabilidade, vou perder meu tempo.

Fica a dica: aprender a como reagir em um incêndio NÃO É perda de tempo. E pode salvar a sua vida!

 Sou brigadista há mais de 10 anos. Sempre faço cursos de reciclagem e, embora não tenha colocado em prática tudo o que aprendi, estou sempre em alerta.

Não é paranoia, é cautela. Afinal, é o "meu", o dos meus amigos e da minha família, é que estão "na reta"!

 Por exemplo, a primeira coisa que eu faço, assim que entro em um lugar fechado, é localizar as saídas de emergência e os extintores. Em qualquer lugar: cinema, teatro, shopping, escritório, avião e, principalmente, casa noturna, embora não freqüente muito.

E por que frisei a casa noturna? Porque já senti na pele o que é superlotação. E não gostei da sensação de não ter sequer a autonomia de sair do lugar na hora que quisesse. Claro, com uma multidão na minha frente, só chegaria até a porta, rapidamente, se usasse um cipó, item que não costuma enfeitar lugares assim.

Sei que tem gente que curte ouvir música bate-estaca em lugares escuros apinhados de gente. E isso não é da minha conta, cada um se diverte como quer. Mas seria bom que, ao entrar num lugar fechado (e altamente inflamável), seguisse alguns procedimentos básicos de segurança.

O que vou passar aqui é o que eu faço. Não sou especialista no assunto, mas até agora, esses passos têm me servido muito bem:

 1. Não encha a cara ao ponto de não saber onde está. Bêbado não reage a emergências com rapidez. E é o primeiro a ser deixado pra trás em caso de necessidade. Não se engane: seu "amigo do peito" vai preferir salvar a própria pele ao invés de ser atrasado por um peso morto;

 2. Ao entrar em um lugar, observe as saídas de emergência. Trace mentalmente uma rota para que, em caso de necessidade, saiba para onde ir;

 3. Às vezes, uma ação rápida salva a vida de todo mundo. Se o foco de incêndio é pequeno, se há um extintor por perto e você SABE diferenciar os tipos existentes e como usá-los, tome a iniciativa. Aqui é o grande diferencial do curso de brigadista. Mas não seja louco de jogar água em incêndio com eletricidade, por exemplo: a casa só vai cair mais rápido e, você, vai para o espaço, não tenha dúvida;

 4. Não sabe usar, ou o fogo já está fora de controle? Não pense duas vezes:  caia fora e chame os bombeiros! Evite criar pânico, pois uma multidão desembestada correndo para uma mesma porta NUNCA acaba bem!

 5. Não use elevadores em caso de incêndio. Use as escadas e, a não ser que o fogo tenha interrompido a rota de fuga, ande sempre para baixo e em direção à rua. Lembre-se: o fogo sempre sobe. Se for se refugiar no telhado e o incêndio ficar fora de controle, vai acabar, literalmente, "torrado", como o pessoal do Joelma. Nessas horas, nem helicóptero salva, pois não consegue se aproximar por causa do fogo;

 6. Tem fumaça? Ande abaixado, o ar é mais limpo perto do chão. Use um pano umedecido sobre a boca e o nariz para amenizar os efeitos da fumaça. Não ficará blindado, mas alguns segundos a mais de consciência podem ser a diferença ente a vida e a morte;

 7. Foi tentar abrir uma porta e queimou a mão? Sente calor vindo do outro lado?Cuidado, tem fogo te esperando! Não abra a porta e procure outra rota de fuga;

 8. Cuidado com corrimões. Pode parecer loucura, mas tem gente que já perdeu a vida por ter enganchado a bolsa em um corrimão, e não querer deixar os documentos para trás. Pensa, criatura: dá pra tirar outra via do RG, mas não da tua vida! Já repararam que os corrimões "acabam" na parede? Isso é justamente para evitar que bolsas fiquem enganchadas numa emergência, mas nem todos os lugares tomam esse cuidado. Que, inclusive, impede que seja concedido o alvará de funcionamento pelos bombeiros. Assim, as edificações irregulares (e as mais perigosas, portanto), são verdadeiras armadilhas. Se o corrimão não acaba na parede, atenção redobrada!

 9. Alguém se queimou? O melhor jeito de aliviar a dor do queimado é deixar escorrer água limpa, e corrente, no ferimento. Pelamordedeus, não vai passar pasta de dente no infeliz, achando que a "sensação que refresca" a sua boca vai ajudar o queimado! Esse tipo de socorro foi usado no Joelma, e foi um desastre. Queimaduras de grande extensão, deixe para os médicos cuidarem, a não ser que você saiba o que fazer;

 10. A última dica: é claro que os donos dos estabelecimentos e o poder público têm a obrigação de zelar pela segurança da população. Tem muita negligência por aí, mas acidentes, casos fortuitos ou de força maior, também acontecem. Às vezes, é só o puro e velho azar em ação. Então, se você tem ideia do que fazer em um incêndio, pode salvar a sua vida e a de outros. Temos que fazer a nossa parte, não podemos achar que toda a ajuda cairá do céu!

 Por favor, considere ser um brigadista. Nunca se sabe quando esse conhecimento pode ser a diferença entre, literalmente, viver e morrer.

Boa noite e boa reflexão a todos!

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