quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Giza e Cairo

Este será o causo mais longo, mas não quis dividir o texto. Afinal, é hora das pirâmides! Postagem de 02/05 no Facebook.

" Olá, amigos!!


 Fiquei afastada uns dias, sabem porquê? Passei a noite em Giza, num hotel maravilhoso, e DE FRENTE para a grande pirâmide de Queóps!

Querem saber como foi?

Vamos lá!

 Mais uma vez acordamos cedo, com o navio já ancorado no porto de Alexandria. Podem imaginar? Alexandria! Alexandre, o Grande, fundou a cidade, e dizem que está enterrado aqui também. Não podem escavar o túmulo, contudo, pois estaria bem abaixo da principal avenida da cidade. Frustrante, não? Mas deve ser algo “grande”, digno de Alexandre!

 Desembarcamos com nossos passaportes, para a já conhecida checagem de segurança pela polícia local. Passamos, ainda, pelo detector de metais e tivemos nossa bagagem escaneada. Mais uma vez. Ainda assim, Washington foi muito mais estressante nesse sentido, tenho que admitir.

 Ao sairmos do porto, mais uma horda de vendedores. Esses não foram tão agressivos quanto os de Luxor. E, nesta parada, eu não fui tão assediada pelos homens daqui. Talvez uma coisa que fiz desta vez tenha surtido algum efeito: usei o tempo todo o anel de casamento da minha mãe. Foi mais tranquilo, então fica a dica: quer um pouco de paz dos homens da região, use uma aliança, quer seja casada, quer não!

 Embarcamos no ônibus, onde o guia Abdul nos aguardava, com uma bandeirinha do Brasil a tiracolo. Também poliglota, mas com uma diferença crucial: falava português, vejam só! Com sotaque carregado, claro, mas um egípcio falando português foi muito legal de se ver!

 Saímos do porto em direção a Giza, iríamos conhecer logo de cara, as pirâmides. Tínhamos pela frente cerca de 3 horas de viagem a bordo de um ônibus.

 Confesso a vocês, a primeira impressão que tive de Alexandria foi a pior possível. Nunca, em toda a minha vida, vi um lugar tão sujo! Vejam bem, já vi favelas em SP muito mais limpas do que esse lugar. A visão era realmente desagradável, para dizer o mínimo. Sem falar nas moscas. Em todo o lugar, até dentro do nosso ônibus!

 O trânsito já foi um capítulo à parte. De uma coisa eu tenho certeza, eu nunca mais vou reclamar do trânsito de SP. O caos aqui é inacreditável! Ninguém respeita sinalização, guardas, o que for. É, literalmente, cada um por si! O guia nos explicou que, antes da revolução de 2011, a polícia era extremamente temida. Agia de forma arbitrária. Por exemplo, “inventava” crimes, criava do nada multas de trânsito, e ninguém se atrevia a contradizê-los. Mas o povo, literalmente, se “encheu” disso. Foi algo muito violento, bem mais do que eu vi na TV. O povo ficou tão revoltado que partiu para cima da polícia. E agora, a polícia não tem mais poder nenhum! Se um guarda de atreve a multar um carro, por exemplo, as pessoas partem para a briga!

Assim, ninguém controla o trânsito. O nosso ônibus aguardava o sinal verde para atravessar um cruzamento e, quando a luz ficou verde, nada aconteceu. Os carros do outro sentido simplesmente continuaram a cruzar a rua, como se nada tivesse acontecido. Nosso ônibus começou a buzinar feito doido, e forçar a passagem. Aliás, nunca vi um ônibus de turismo buzinar tanto! Esses gigantes geralmente são tão silenciosos, e com direção tão discreta (pelo menos os que eu peguei até agora) que eu até esqueci de que tinham buzina. Mas o nosso motorista buzinava sem parar, brigava pela janela, fazia manobras que me deixavam até gelada: era cada fina que eu não sei quanta tinta esse ônibus perdeu nessa viagem!

 E por falar em latarias... não achei um único veículo intacto na frota de toda Alexandria, Cairo ou Giza. Nem os novinhos, pelo menos um amassadinho tinha. Também, com esse trânsito, o carro estar inteiro já é uma tremenda vitória!

 Claro, não só de carros vive o trânsito de Alexandria. Temos cavalos, camelos, carroças. Táxis com 3 rodas, kombis com ar condicionado natural. E como era isso? Andavam com portas abertas. Não só a do passageiro, mas a do motor também! De um lado, um carro cheio de vacas, do outro, cheio de cabritos. Ovos sendo transportados em caminhões a céu aberto e naquele calor, aposto que chegavam ao destino já cozidos! Animais soltos nas ruas, carros na contramão. Até caminhões na contramão, e na rodovia! Como o guia também explicou, ninguém respeita as regras de estacionamento. Então a cidade é um “parking” a céu aberto. Cada um para onde quer, como e quando quer, nem que isso signifique bloquear a rua. Graças a isso, levamos quase uma hora para atravessarmos 3 quarteirões. A parte esquerda da calçada foi tomada por vans estacionadas a 90 graus. Carros vinham no sentido contrário ao nosso, em fila dupla. E paravam na maior tranquilidade, descarregando mercadorias e gente. Detalhe: estacionamento proibido, e a via era mão única, a nossa! Conseguem imaginar?


Bom, passando todo esse tumulto, avistamos as pirâmides.

Ah, as pirâmides!

Confesso, fiquei arrepiada quando vi Petra. Mas foi a vista das pirâmides que me fez chorar copiosamente. Um sonho de infância, finalmente realizado! Afinal, que amante de história não sonha em conhecer esse lugar?

Desci do ônibus, e fiquei em frente à pirâmide de Quéops, a maior de todas. Olhei para cima, aquilo parecia não ter fim! Corri em sua direção, essa eu precisava tocar! Aquela construção milenar, imponente, bem na minha frente! Cheguei perto, estendi a mão direita e toquei a pedra. Fechei os olhos e voltei no tempo...

Subi os degraus, tirei muitas, muitas fotos. Cheguei até a entrada da pirâmide. Olhei bem para cima, onde, no cume, uma armação de metal mostra a sua altura original. Pois é, alguns metros já se foram, mas em mais de 4000 anos de existência enfrentando o tempo e as depredações, está razoavelmente conservada!

Lá coletei uma pedra (do chão, não do monumento, friso), a pedido de uma amiga. Na verdade, ela queria areia, mas isso fica difícil de transportar. E de explicar na alfândega, também. Tirei uma foto com a pedra em frente à grande pirâmide, ou seja, o souvenir tem certificado de autenticidade!

Atrás da pirâmide de Quéops, tem a de Quéfren. Já com uns metros a menos também, mas ainda com parte do revestimento original de calcário. Olhando aquela pirâmide, dá para imaginar como elas eram quando novas. Acabamento lisinho, resplandecente. Ah, eu adoraria ter visto isso...

Seguimos, de ônibus, para vermos todo o complexo das pirâmides de um mirante. Tiramos fotos e alguns andaram de dromedário. A paisagem era de tirar o fôlego. O vento e a areia, também. Meu cabelo, esvoaçante e sedoso graças à lama do Mar Morto (excelente, por sinal), ficou duro como pedra em minutos. Nada que uma boa lavagem não resolva, então que venha a areia!

Após a foto, rumamos para a joia da coroa do complexo. A Esfinge! Fiquei cara a cara com o monumento, com a pirâmide de Quéfren ao fundo. Aquela cena clássica de qualquer livro de história que fala sobre o Egito se apresentava ali, ao vivo, na minha frente. Fiquei sem ação, apenas olhando, embasbacada, para aquele quadro. O guia explicou que a barba e o nariz caíram há muito tempo, mas não por obra dos soldados de Napoleão, como muito se diz. Eram simplesmente extremidades, mais frágeis, portanto. A Esfinge ficou soterrada por muito tempo e, ao ser desenterrada, essas extremidades já haviam caído.

Ainda estava meio aérea com o que tinha visto quando o guia nos chamou para almoçar. Enfrentamos mais trânsito caótico em Giza, tentando atravessar a Avenida das Pirâmides, a via mais importante da cidade. Jesus amado, haja paciência, que caos!

Depois de um curto trajeto e muito tempo perdido, chegamos ao hotel onde almoçaríamos. Comida razoável, mas ninguém se atreveu a comer verduras e legumes crus. Aliás, estávamos com medo até de escovar os dentes com a água da pia. O hotel era bem limpo, um 5 estrelas com vista para algo parecido com o nosso Minhocão (pena, mas a piscina era cinematográfica). Só que ninguém punha a mão no fogo pelo encanamento. Refrigerante e macarrão foram o meu almoço, pois, depois que vi os açougues da cidade, também não me atrevi a comer carne por aquelas bandas.

Estômagos forrados, rumo à próxima parada: Memphis. Vimos, de pertinho, o colosso de Ramsés II, ou Ramsés, O Grande. Gigantesco, na horizontal. Esse foi um sujeito que conseguiu deixar o seu nome na história! E vi o sujeito no dia seguinte, em pessoa, mas aguardem o desenrolar dos acontecimentos!

A visita a Memphis foi muito rápida, por 2 motivos: o trânsito caótico e o horário de visitação dos monumentos. Tudo fecha às 4 da tarde! Tem dó, a única fonte decente de renda do país e funciona em horário reduzido... e ainda tínhamos Saqqara no roteiro, e eu não perderia a chance de visitar a primeira de todas as pirâmides do Egito. A de Zozer, planejada pelo arquiteto Imothep (não é o que persegue o Brendan Frasier, que fique claro)!

Originalmente os faraós eram enterrados em mastabas. Em essência, eram construções retangulares, como se fossem lápides gigantescas e grossas (faltou melhor analogia), sendo que os corpos eram enterrados abaixo. O que Imothep fez? Construiu uma mastaba acima da outra, com tamanhos cada vez menores em sequência. O resultado, uma pirâmide de degraus, a primeira de uma série de maravilhas construídas pelos antigos egípcios. Dessa pirâmide não deu nem para chegar perto, está em obras, com andaimes que quasem cobre toda a construção. Mas pelo andar da carruagem em relação à política do Egito, os andaimes vão ruir e a pirâmide vai permanecer em pé. A junta militar, que atualmente governa o Egito de modo transitório, não está cuidando disso. E nem do novo museu egípcio, que está sendo construído perto das pirâmides. E nem da coleta de lixo ou do trânsito. O que eles estão fazendo, afinal?

Fotos da pirâmide de degraus tiradas, tivemos a chance de entrar numa pirâmide de verdade: a do faraó Titi. Mal dá para perceber que é uma pirâmide, a construção está se desmanchando. É um grande morro com tijolos, mas o interior está intacto. Formamos uma fila para entrarmos, todos do nosso grupo, mas tivemos que esperar a saída dos que estavam dentro. E para cada um que saía, uma salva de palmas! Não adianta, brasileiro quando passeia faz um espetáculo onde quer que passe!

Entramos pela passagem em direção a terra, passamos por uma antecâmara e chegamos ao sarcófago. Os hieróglifos não eram pintados, mas esculpidos no granito vermelho. A polícia dizia “nada de fotos”, mas quem segura um grupo de turistas brasileiros desgovernados? Cada hieróglifo era um flash! Fiquei quieta pois, como não tinham pinturas no lugar, só granito, achei que o flash não danificaria o local. Mas não toquei nas paredes. Isso sim, danifica o local! Ficou registrado para a posteridade a felicidade de um grupo de brasileiros por estar dentro de uma autêntica pirâmide egípcia, e de graça! Essa é uma das poucas, senão a única, cujo acesso não é cobrado. Pobre é fogo...

Terminados os passeios programados para o dia, fomos ao nosso hotel.

Realiza a cena: um palácio magnífico, anteriormente ocupado pelo rei Farouk do Egito.

Agora realiza a localização: em frente, eu disse EM FRENTE, à pirâmide de Queóps! Bastava atravessar a rua e caminhar um pouco! É um hotel 5 estrelas. O local é propriedade do governo, mas é gerido por uma rede de hotéis indiana. Fiquei numa suíte só para mim, chão de mármore e granito, lençol de algodão egípcio, ducha maravilhosa, aiaiai...

Tomamos um rápido banho e nos aprontamos para o jantar. O local? Rio Nilo, a boro de um navio!

O local me lembrou o cruzeiro que fiz pelo rio Mississipi quando estive em New Orleans. Só a decoração era um pouco mais cafona. Tá, estou suavizando, bem mais cafona. Os vidros fumê em forma triangular que se projetavam para fora do navio, por exemplo, eram de doer. Mas foi uma noite espetacular! Não pela comida, já que desta vez nem pão eu consegui pegar: o pessoal ficava escolhendo o melhor pedaço com a mão! Mas sim pelo show de música e de dança folclórica.

Claro, não faltou a dançarina do ventre fazendo exposição da figura na Medina. Por sinal, dançava muito bem! Simpática, sorridente, tirou fotos com a gente (comigo, inclusive, aguardem). Eu só mandaria despedir o figurinista. Roupinha mequetrefe, coitada!


Fui ao deck mais alto para uma vista do Nilo que não incluísse aqueles vidros fumê piramidais. Frio, acreditam?

Na volta, já havia começado a próxima dança. Um homem, de saia rodada e adereços que lembravam pandeiros (mas sem a parte sonora), rodava sem parar. A saia, quase na horizontal, e ele fazia evoluções com os pandeiros. Comecei a ficar tonta só de olhar, o sujeito tinha um equilíbrio incrível. Eu já teria saído pela tangente após três currupios!

A evolução não se limitou aos pandeiros. Ele foi tirando as saias! Uma delas tinha luzes embutidas e, quando foram ligadas, as luzes do salão foram apagadas, e só dava a saia rodando, como se fosse o teto de um carrossel. Foi sensacional! Foram camadas e camadas de saia tiradas fora, até que ele ficou com a última rodopiando no braço, enquanto circulava pelo salão para fotos.

Fomos dormir cedo, pois o dia seguinte visitaríamos a mesquita de Mohamad Ali (não o pugilista, certo?), a cidadela de Saladino e o Museu do Cairo.

Madrugamos mais uma vez, e tomamos café em um dos salões do palácio. Hehe, foi show! E comida de primeira!

Enquanto embarcávamos no ônibus, uma última olhada na pirâmide de Queóps. Nunca mais vou esquecer essa vista!

Fomos direto para a cidadela. A mesquita de Ali também está situada lá. Simplesmente gigantesca, ricamente decorada, e aberta à visitação. O guia nos fez sentar abaixo do domo e nos explicou um pouco sobre a religião islâmica, e sobre a mesquita em si. É uma das poucas mesquitas do país que ainda preservam o pátio ao lado da nave, onde uma fonte tinha como objetivo prover água para que os fiéis se lavassem antes do culto. Pena que a água era reaproveitada até o limite antes de ser trocada, então imagino que a “purificação” não era grande coisa...

A abóboda era ricamente trabalhada, o local todo coberto com tapetes, e tivemos que cobrir os braços para entrar. Eu resolvi um problema com uma pashemina maravilhosa que comprei em Muscat, Omã.

Enquanto passeava pelo local, um dos guardas nos ofereceu uma vista privilegiada: entramos no local de onde o sacerdote presidia o culto. Fotos depois, claro que o sujeito pediu dinheiro. E fez cara muito feia para o dólar que eu dei, achou pouco! Ah, sinto muito, cara feita para mim é fome, vai almoçar!

Antes de irmos embora, pausa para o banheiro. Até agora, o pior banheiro da viagem. Assim que entrei, vi 2 mulheres comendo lá dentro. Isso mesmo, comendo no banheiro! O lugar infestado de moscas, que pousavam na comida. Sem falar no cheirinho inerente aos banheiros muito usados e nunca lavados.

Entenderam agora por que é complicado comer no Egito?

Próxima parada, Museu do Cairo!



Um pouco mais de trânsito, chegamos ao museu, passando pela praça na qual a revolução de 2011 atingiu seu ápice. Um dos prédios do governo anterior, queimado até os ossos pelos manifestantes, ergue-se destruído, ao lado do museu.

Tivemos sorte, nenhum incidente. Confesso que ter ido àquele local, em pleno feriado de 1º de maio, me deixou com o pé atrás. Mas não é que o quebra-pau aconteceu no dia seguinte? Enquanto redigia este relato, havia deixado a TV ligada no noticiário. Eis que apareceu, na CNN, o povo egípcio, bem na praça onde estávamos no dia anterior, protestando e pedindo a renúncia da junta militar. Por um dia, escapamos de uma boa enrascada!

Paramos para fazer câmbio de dólares para libras egípcias, pois é a única moeda aceita pelo museu. Muitos de nós manifestaram interesse em visitar as salas das múmias reais, cujo ingresso era vendido à parte. Preço: 100 libras egípcias, ou 18 dólares.

Cada membro do grupo recebeu um rádio com fones de ouvido, e uma sacolinha para pendurar a geringonça no pescoço. Seguimos o guia, que fez uma rápida explicação das grandes atrações do museu. Só para aquele lugar ser visitado propriamente, seriam necessários mais uns 5 dias! É tanta coisa, e está tudo amontoado. Tem objetos que sequer possuem legenda, só estão ali, jogados. Realmente, o acervo necessita de um espaço maior, e com urgência!

O ponto alto, claro, foram os tesouros do King Tut. Só o que continha aquela tumba encheu praticamente um andar inteiro do museu. As peças são espetaculares, as de alabastro, então, nem se fala! E as joias, a grande máscara de ouro? 11 kg do vil metal em uma única peça, outra que é uma das mais reproduzidas nos livros que tratam do antigo Egito. Alguns dos tesouros eu já havia visto numa exposição especial no MET em NY. As peças foram repatriadas ano passado. Foi interessante rever as mesmas peças em outro museu, e admito: elas estavam melhor expostas em NY...

As salas das múmias dos faraós foram surreais de se ver. Claro, tenham em mente que eram cadáveres, não é uma cena muito agradável. Algumas múmias estão incrivelmente bem conservadas. Outras tiveram a face arrancada, ou foram muito danificadas pelo tempo ou pelos ladrões. Pontos altos: Ramsés II, ou Ramsés, O Grande. O sujeito passava dos 90 anos quando morreu. Tinha sérios problemas dentários, além de artrite. Os traços do rosto ainda são perfeitamente visíveis. É estranho ver a estátua gigantesca dele em Memphis (lembram do início do relato?) e conhecer o “modelo” ao vivo. Os egípcios foram pioneiros em outra coisa: sabiam os conceitos básicos do Photoshop! Sem falar na importância histórica de Ramsés, poder olhá-lo é, sem dúvida, um privilégio! Vá lá, mesmo sendo um cadáver! Hehe...

Ao sair do museu, pensei: agora me acabo na lojinha, pois tinha em mente algo como a loja do MET de NY. Mas aí veio a decepção: loja fechada! Pergunto ao guia o porquê. Eis a resposta: a loja foi saqueada durante a revolução de2011, e nunca mais foi aberta. Ah, que pena!

Agora veio a saideira das compras: loja especializada em produtos feitos com o mais puro algodão egípcio! Chutei o balde e comprei um legítimo jogo de lençóis com 1000 fios, uma beleza! Mas como é grosso, só vou usar no inverno. Também trouxe pacheminas, chalés, batas, aquela loja é de endoidecer qualquer um!

Bom, pensei que seria só isso, mas nos levaram para mais uma loja de souvenirs. Esta já era coisa mais refinada, joias em ouro, venda de pedras e venda de arte. Queriam me cobrar cerca de 900 dólares para gravarem o meu nome em um cartucho de ouro, na antiga escrita egípcia. Caro desse jeito, por quê? O meu nome tem 8 letras! Quanto mais letras, mais caro, e maior precisa ser o cartucho. Gentil (e covardemente), recusei. Trouxe, contudo, o alfabeto egípcio. Vou ver se gravo por aqui, é bem interessante ver seu nome escrito dessa forma!

Eita, sabem o que é um cartucho? Explicação rápida: os nomes dos faraós, quando escritos em hieróglifos, eram envolvidos por uma espécie de forma oval, que lembrava muito a forma de um cartucho de arma. Daí o nome!

Tomamos o caminho de Alexandria, de volta ao nosso navio. No caminho, muitas risadas, muita cantoria (temos um cover do Elvis no grupo, o Helder – ele mandou muito bem!) e uma busca desesperada por banheiro. Não adianta, não dá para suprimir parada programada no banheiro, o pessoal pode até falar que segura, mas não consegue. E foi o que aconteceu. Tivemos que procurar um lugar para usar o banheiro. O problema é que já havíamos passado da parada programada (recusada por nós de forma totalmente imprudente), e não poderíamos parar em qualquer lugar, por questão de segurança. Sem falar que estava praticamente tudo fechado devido ao feriado.

Felizmente, achamos uma fábrica que nos cedeu o banheiro. Contudo, até esse achado, tivemos que usar o banheiro do ônibus. O local ficou imprestável em questão de minutos, e o “futum” se espalhou por todo o lugar. Não havia nada a fazer a não ser piadas da situação! Foi aí que olhei casualmente uma placa na estrada, e nela estava escrito, inacreditavelmente, a seguinte palavra: “Mijoland”! Sério, não sei o que isso significa em árabe, se é alguma marca, ou propaganda. Mas que estava escrito exatamente isso, estava! Pena que foi rápido, não deu tempo de tirar uma foto.

Antes de chegarmos a Alexandria, uma surpresa dos nossos guias: visita à biblioteca de Alexandria! A moderna, claro, inaugurada neste século. O prédio é projetado de modo a aproveitar o máximo da iluminação natural, e é de frente para o mediterrâneo. Realmente, bem bonito! Não deu para visitar, estava fechado devido ao feriado.

E agora vem uma parte muito, muito interessante do passeio: a volta para o navio. Para isso, tivemos que atravessar uma feira que era simplesmente exótica demais! Imaginem a nossa 25 de março elevada à décima potência. Já começaram a ter uma vaga ideia do que vimos aqui. Tinha de tudo a venda, de ventilador a cabrito, passando por roupas (expostas em manequins pendurados pelo pescoço, parecia uma execução em praça pública), comida, acessórios, mobília, era só escolher! Como não era uma feira para turistas, e sim para nativos, o guia não nos deixou descer do ônibus. Falou que era perigoso e que, dificilmente, as mulheres voltariam se os homens não as quisessem, pois seriam negociadas por camelos!

Chegamos ao porto, onde mais uma feirinha (esta, para turistas), nos esperava. Passei direto, não aguentava mais comprar coisas! Alegrem-se, consegui trazer muitas lembrancinhas para distribuir entre os amigos!

 Que alívio quando cheguei casa! Olha isso, já estou chamando o navio de casa... também, depois de 15 dias a bordo, é mais ou menos isso.

África e Ásia ficaram para trás. Amanhã é o ultimo dia de cruzeiro. Hora de fazer as malas, acomodar as compras (tive que comprar mala extra, praga!) e distribuir as gorjetas.

Este é, provavelmente, o último relato de viagem detalhado que faço, pois a próxima parada é Roma, e o ritmo lá será alucinante, com pouco tempo livre para escrever. Não sei, também, se o acesso à net será fácil. Mas ainda tenho os detalhes do navio para contar a vocês, e pretendo fazer isso amanhã! Vou falar do bom, do ruim, e do inesperado, como foi o jantar de hoje. Aconteceu uma coisa que deixou passageiros (e tripulantes) extremamente preocupados. Querem saber o que era?

Hoje não, estou um caco...

Aguardem o próximo relato!"


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