quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Os Centenários

Post de 03/10:


Causo reflexivo da madrugada!

 Calma, não é um texto que vai brilhar sob o poder da sua lanterninha. É que eu estou introspectiva hoje.

E por que?

 Estava pensando em qualidade de vida, saúde e longevidade.

O assunto me veio à mente por causa de uma grande amiga que, por sinal, foi minha babá e é mãe da minha afilhada.

Como técnica de enfermagem, ela cuida de duas pacientes idosas, uma de 96 e outra de 99 anos!

 A mais "jovem" está relativamente bem. Sente dores, mas é lúcida e ativa. Mente afiada, "pesca" as coisas no ar. Casou-se com mais de 50 anos, é viúva, sem filhos. Ainda com muito gás para viver.

Já a senhora de 99 me surpreendeu. Mais saudável do que a de 96, só está com a enfermagem porque sofreu uma queda e quebrou meia dúzia de costelas. A osteoporose não perdoa! Fora isso, a vovó mora sozinha, vira-se sozinha, é totalmente lúcida e, pasmem, freqüenta aulas de computação e natação! Vira-se muito bem na internet, tem seu próprio e-mail. Se bobear, deve ter até Facebook. E ainda dá as suas braçadas na piscina! Também viúva, tem o filho único morando em outro apartamento no mesmo prédio.

A minha amiga perguntou a essa senhora: qual o segredo da longevidade?

 A resposta dela: comer pouco, especialmente carnes, e fazer exercícios!

 Fico pensando se poderia, em tese, chegar a uma idade dessas com uma qualidade de vida tão respeitável quanto a dessa senhora de 99 anos.

Aí começo a pensar no "conjunto da minha obra" e percebo que o prognóstico não é muito animador.

Vejam só a minha coluna. Sofro com a tal espondilolistese lombar desde a adolescência. Naquela época, eu era atleta! Jogava basquete pelo time do SESI Leopoldina, participávamos de campeonatos. Ganhávamos com frequência! Os treinos eram puxados, e eu adorava. De segunda a sexta, estava na quadra.

Comecei no esporte por causa da minha mãe, que jogou basquete no Clube Regatas Tietê. As parceiras de quadra dela? Maria Helena e Heleninha. As duas formavam a dupla "Hortência e Paula" daquela geração. Aliás, a primeira foi inclusive técnica da seleção brasileira.

Eu não era gênio no esporte, mas até que acertava os meus chutes de 3 pontos. Afinal, com a minha altura, conseguia fazer quase nada no garrafão! Mas uma coisa eu nunca consegui fazer: tirar a bola da minha mãe! Mesmo quando ela já estava doente, eu simplesmente não conseguia manter a posse da bola. Era questão de minutos, ou até segundos, e ficava com as mãos vazias!

 Lembro que, com freqüência, saía dos treinos e ia fazer fisioterapia, para aplacar a dor que, ainda hoje, é crônica. Por causa dela, estou de licença médica. E isso com "apenas" 38 anos, na "flor da maturidade", como diria Jorge Amado. Dá pra imaginar meu estado aos 99 anos? Sinceramente, não consigo. Eu seria o caso clássico de "junta": junta tudo e joga fora!

 Não jogo mais basquete, mas estou bem longe do sedentarismo. Eu pedalo, vou à academia, "puxo ferro" faço alongamento. Tudo isso lidando com as eventuais crises na lombar. É uma relação bem tensa, mas acabei me acostumando a carregar esse fardo. Não posso reclamar, tem fardos muito piores do que o meu por aí!

 A parte da alimentação, então, é uma calamidade. Nem Freud e Jung, juntos, conseguem explicar. A minha "estrutura óssea", como diria Jô Soares, está larga, muito larga...

 E os antecedentes familiares, então? Diabetes, hipertensão, cardiopatias, derrames, câncer. Graças a Deus, não tenho esses problemas. Bom, pelo menos por enquanto. Às vezes, me pergunto: por que a genérica não me deu, pelo menos, um cabelo liso e um leve hipertireoidismo? É pedir muito?

 Sou, como dizem no filme "Gattaca", uma "filha de Deus". Cheia de imperfeições. No vocabulário do roteiro, uma "não-válida". Nesse filme, a manipulação genética é realidade, e pessoas que não tenham passado pelo aprimoramento genético são segregadas. Só lhes cabem serviços subalternos. Com o meu DNA, seria como o personagem principal, Vincent: conseguiria, quando muito, um emprego de faxineira!

 Ah, mas Vincent queria ser astronauta! Mesmo sendo um "não-válido", correu atrás. Escondeu de todos o seu perfil genético, valendo-se de um doador muito bem dotado geneticamente, mas confinado a uma cadeira de rodas. Consegue, com muito trabalho, superar os obstáculos impostos pela segregação genética e consegue, por fim, ganhar as estrelas!

 Moral da história: meus genes são a base, mas o que eu fizer com eles é o que vai fazer a diferença. Ou seja: chega de mimimi! Vou atrás da minha saúde, pois quero ganhar as estrelas também!

 Boa noite a todos!

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