Tudo começou de maneira muito despretensiosa: compartilhar experiências de viagem.
E confesso: o primeiro causo que escrevi foi irado. Não por que era legal de se ler, mas porque eu estava irada. Possessa. Babando mesmo!
Explico.
Ano passado realizei uma viagem faraônica. E não é força de expressão, eu fui ao Egito! Além da terra dos faraós, visitei Londres, Dubai, Muscat (Omã), Aqaba e Petra (Jordânia) e Roma. Foram 27 dias de viagem, 15 dias a bordo do navio “Brilliance of the Seas” e muita, muita coisa na cabeça pra contar.
A nossa primeira parada foi em Londres. Foi uma visita relâmpago (apenas 4 dias), mas o suficiente para ficar com aquele gostinho de “quero mais”. Londres é fascinante! E rendeu causos, que ainda não foram escritos. Ah, vou escrever sim, estão todos guardados aqui na minha cabecinha! Mas, logo no início da viagem, não pensava em escrever o que estava vivenciando. Postei algumas fotos, fiz alguns check-ins e fiz um ou outro comentário, ou seja, nada de mais. O que me fez colocar a escrita pra funcionar foi o perrengue que passamos na chegada a Dubai, nosso segundo destino. Escrevi o causo no celular, após conseguir, finalmente, um leito para descansar meu corpanzil naquela cidade calorenta. Queria desabafar, e eu articulo melhor quando escrevo. Não tenho o dom da oratória, e quem iria me ouvir além do meu pai e da minha tia, meus companheiros de viagem? Eles já sabiam de tudo, e já tinham ouvido tudo. Em português e em inglês. Nunca fui tão grata por ter concluído o meu curso no Cellep, saber inglês salva vidas numa viagem internacional!
Reparem, não é bem a estrutura de um causo. Foi só um desabafo. Mas aí os amigos do Facebook comentaram, pediram mais notícias e eu fui escrevendo mais coisas... E assim nasceram os “Causos da Fêfa”!
Agora realizem a cena: três da manhã, eu deitada na sala do nosso “apart hotel” em Dubai, sem conseguir dormir e querendo desabafar. Eis o primeiro causo, postado em 17/04/2012 no Facebook:
“Agora sim, começou uma epopeia digna das minhas viagens!
Chegamos a Dubai pouco antes das 11 da noite. Viagem tranquila, mas aí as coisas começaram a se complicar...
A espera para a checagem de passaporte foi enorme. Mais de uma hora de fila, e para que? Para o cara do turbante nos falar que faltava um carimbo no bendito visto, correspondente ao escaneamento de retina. Voltamos para a outra sala, e outro cara de turbante escaneou as nossas retinas. Deu para ver que ele fez um comentário depreciativo por sermos brasileiros, o que nos deixou bem irritados. Mas como não falamos árabe, não tínhamos o que fazer. Nem eu sou doida o suficiente para "causar" na imigração!
Bom, voltamos para o primeiro turbante, que nem olhou na nossa cara. Carimbou a papelada e nos liberou.
Recuperamos a bagagem, que estava jogada no chão ao lado da esteira (é, o negócio foi demorado mesmo). Seguimos para o "way out" na esperança de encontrar o nosso transfer. Mas fui selecionada para uma "checagem aleatória de bagagem" na saída (nunca tinha visto algo assim), e tive que passar toda a bagagem no raio x. Quem mandou eu ter cara de terrorista?
Felizmente, tinha um motorista nos esperando. O problema é que ele queria nos levar para um hotel diferente do reservado por nós! E aí tivemos que esperar no aeroporto o cidadão ligar para os hotéis e confirmar onde diabos iríamos dormir!
Meia hora depois, ele disse que a nossa reserva estava certa. Outro colega se encarregou de nos levar até o hotel.
Pensa que acabou? Continua lendo...
Chegamos no Royal Ascot "Hotel". O motorista, ao invés de parar na porta do hotel, parou ao lado, num "estabelecimento" de onde abundavam putas! É sério, o figurino igualzinho ao das putas da rua Augusta!
Desembarcamos as malas e fomos até a recepção, só para descobrir que a nossa reserva não era no "Hotel", mas sim no "Apartment".
E lá fomos nós colocar as malas de novo no carro para ir ao tal "Apartment". Chegando lá, descobrimos que a nossa reserva não era naquele "Apartment", era em outro "Apartment"!
Carregamos o carro mais uma vez e fomos para o derradeiro hotel.
Fizemos o check in, e descobrimos que nosso agente de viagens (que também está aqui em Dubai), não nos deixou qualquer informação sobre o City tour de amanhã (hoje, aliás), o qual já está devidamente pago.
Subimos para o quarto, que deveria ser triplo, e a terceira cama não estava montada. Faltavam toalhas e o frigobar estava vazio! Podem imaginar a nossa sede? No deserto?
Mandei um e-mail irado para o meu agente, rezando para que ele tenha o bom senso de abrir a caixa postal aqui em Dubai e vir correndo nos resgatar. São 3 da manhã por aqui e só agora vou tomar banho e dormir.
Cheguei à seguinte conclusão: agente de viagem é atraso de vida e desperdício de dinheiro! Quando viajei pelos EUA sozinha por 34 dias, eu mesma reservei hotéis, passagens aéreas, de trem e transfers. Tudo funcionou perfeitamente, sem surpresas. Agente de viagens, nunca mais!
Agora só nos resta rezar, em direção a Meca, para que o dia que se aproxima seja bem melhor do que o anterior. Pelamor!!”
Pois é, amigos...
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