quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Ai, meu fiofó!

Post de 04/01


O primeiro causo do ano!

 Pois é, amigos! Estava eu aqui, curtindo a minha folga, quando baixou a "inspiração". E tudo isso por causa da virada no tempo. Quem vive em SP sabe, podemos ter as 4 estações em um único dia, certo?Coisa de maluco!

 E porque o súbito esfriamento da temperatura geraria um causo?

 Porque quando isso acontece eu sinto uma dor considerável... No meu fiofó.

 É isso mesmo, no fiofó!

 Calma, ele não está doendo porque decidi experimentar algo que li em "Cinquenta tons de cinza". Eita, que povo com mente suja... Acontece que eu tenho o cóccix quebrado!

 E o causo é justamente sobre como isso aconteceu, há um tempo razoável, nesta mesma galáxia.

 O ano era 2001. Eu e minha prima Margarete, também conhecida pelas alcunhas de "Zé Mané" e "Maga Patalógika", decidimos fazer uma viagem: Natal e Fernando de Noronha. Seria a primeira viagem de avião da Maga, então decidimos caprichar no destino!

 Compramos um pacote pela CVC com antecedência e, na medida que pagávamos as prestações, a ansiedade aumentava. Sempre quis conhecer Noronha, e finalmente realizaria esse sonho!

 Como todos sabem, naquele ano houve o atentado terrorista em NY, o que afetou, e muito, os negócios na área do turismo. Inclusive, uma das maiores agências da época, a Soletur, faliu. Lembro do "Casseta e planeta" fazendo piada com isso: criaram a "Falitur", que te levava para a "pqp, com direito a traslado e meia pensão".

Tínhamos receio de que a CVC falisse também, e nos deixasse na mão. Então ligávamos quase todos os dias na agência perguntando: "Vocês estão abertos? Não vão falir antes da nossa viagem, heim?"

 Eita, estou divagando! Se for contar tudo o que aconteceu nessa viagem, escrevo um livro, não um causo! Vou direto ao ponto, então. Primeira parada: Natal!

 Ficamos num hotel maravilhoso e fizemos os passeios de praxe: cajueiro, dunas de Genipabu e por aí vai. Uma das atracões, que conhecemos no nosso primeiro dia de viagem, foi o "aerobunda".

Ah, o famigerado aerobunda...

 Para quem não sabe o que é, imaginem uma gigantesca tirolesa. O infeliz sai de cima de uma falésia, sentada numa cadeirinha, em direção à água. A ideia é cair sentada na água e ser "resgatada" por uma jangada, que te leva até a praia.

Tragédia anunciada, certo? E por que? Porque EU, que não sou o Chapolim Colorado, não tenho um pingo de astúcia!

 Explico. Existem duas maneiras de fazer a descida do aerobunda. A primeira, mais comum, é ir na "maciota", aproveitando a paisagem. A segunda, é radical. Eles te empurram com toda a força falésia abaixo, e o pobre infeliz que está na cadeirinha chega com tudo no seu destino, a água.

Claro que a tonta que vos fala pediu pra descer com emoção, né?

Sentei na tal cadeirinha. O sujeito responsável pela bagaça tomou impulso para empurrar o meu corpanzil falésia abaixo. E lá fui eu, a toda a velocidade!

 No início, foi uma delícia! Vento no rosto, paisagem deslumbrante... Rindo como se fosse o Gato de Cheshire, curti os primeiros segundos da "queda". O problema começou quando eu me aproximava da água.

Só então a ficha caiu. Eu iria "aterrissar" em alta velocidade. E, mesmo caindo na água, sofreria um forte impacto!

 Meu sorriso foi substituído pelo pânico. Puro e total pânico. Aquela bagaça não tinha freios, não tinha o que fazer!

Conforme me aproximava da água, pensava: pqp, me f\*<?!! Tentando prolongar a minha integridade física, ia afastando a bunda do água. Como se adiantasse alguma coisa... Fui me reclinando, reclinando... Até que não teve jeito: acertei a água a toda velocidade. De bunda!

 Ai, como doeu!

Para minha sorte, estava de colete salva vidas, pois fiquei paralisada de dor. Fiquei uns instantes boiando, enquanto as lágrimas, devidamente camufladas pela água, escorriam pelo meu rosto. É, doeu pacas!

 A jangada começou a se aproximar. Comecei a sair do estado de choque e nadei em direção ao resgate. Com muito custo, subi na jangada. Na hora de sentar... Adeus mundo cruel, que dor!

 Levei um tempo pra me acostumar. A dor foi melhorando. Enquanto isso, o sujeito da jangada esperava pelo próximo infeliz que fosse despencar falésia abaixo.

Aí me dei conta: o sujeito não ia me levar para a margem tão cedo. Ia esperar lotar a jangada. Putz!

 Esperar que nada! Tirei o salva vidas, deixei na jangada e disse para o sujeito:

 - Moço, tô indo!

 Mergulhei , sem dar tempo para o sujeito responder, e fui nadando até a margem. A distância era pouca, pelo menos pra mim, que sempre pratiquei natação.

Chegando em terra, peguei a carona falésia acima, uma espécie de "cadeirinha elevador". Conforme subia, minha prima ia tirando fotos. Comecei a sorrir e acenar pra ela, fazendo poses. A dor foi momentaneamente esquecida em prol da euforia do momento.

Chegando ao topo, minha prima pergunta:

 - E aí, como foi?

 E eu, pra não dar o braço a torcer, respondo:

 - Foi sensacional! Show! Delícia!!

 A prima então falou:

 - E aí, vai de novo?

 Pausa.

O que uma pessoa sensata teria dito? Pois é, eu não sou uma pessoa sensata. Assumi a minha porção "Baby Sauro" e disse:

 - De novo!

 Loucura, eu sei... Mas lá fui eu, de novo! Para não ficar "mal na fita", pedi outra descida com emoção. Tonta. Não sei o que estava pensando. Aliás, acho que deu um "tilt" no meu cérebro, só pode ser!

E tudo se repetiu, só que desta vez desci resignada. Já sabia o que me esperava. Adeus, fiofó querido! Mais uma pancada, mais dor. Na segunda vez nem me preocupei em subir na jangada. Tirei o colete salva vidas e já fui nadando até a margem.

Ainda bem que o guia nos chamou para irmos embora. No meu estado de demência crônica, era capaz de descer a falésia mais uma vez!

 Troquei de roupa e fomos para o ônibus. E pra sentar? Não achava posição confortável, tudo doía! Disse para a Maga:

 - Putz, minha bunda dói!

 Ela responde, com todo o tato do mundo:

 - Ah, para de frescura, não tem nada a ver!

 Como assim, "não tem nada a ver"? Caí sentada, a bunda tá doendo! Não consegue fazer a conexão?

 Enfim... Era o primeiro dia de viagem, não queria estragar o clima. Fui sentada, "de banda", até a nossa próxima atracão: o "eskibunda"!

 O nome diz tudo: eu iria descer, sentada numa prancha de surf, um barranco de areia. Eita, programinha de índio! Mas dar o braço a torcer? Jamais!

 Sentei na prancha. Ai, meu fiofó... Tentava reduzir a velocidade cravando as minhas garras na areia, mas tudo o que consegui com isso foi uma intensa esfoliação nas mãos. Sem falar que, no final, rolei da prancha. Desci parte do barranco capotando e cheguei ao final completamente "à milanesa". E assim encerrei os passeios do primeiro dia em Natal. Tremendo mico!

 Claro que, durante todo o resto da viagem, senti dor. Quando chegamos em Noronha, fizemos muitos passeios à pé. Eu fui em todos, mesmo com o fiofó prejudicado.

Minha prima dizia a todo instante:

 - Ah, para com isso, você não tem nada!

 Eu respondi certa vez:

 - É porque não é o seu rabo que tá quebrado!

 Isso mesmo, já tinha ideia do "diagnóstico". Quando voltei a SP, minha primeira providência foi tirar um raio x da região. E lá estava, uma fratura!

 Liguei para a minha prima:

 - Não falei que tinha quebrado o cóccix?

Sabiamente, desta vez, ela nada disse.

Claro, não dá para engessar a região, certo? Então tive que comprar uma almofadinha, estilo rosquinha, pra poder sentar por um bom tempo. Chegava no trabalho, inflava a bagaça e trabalhava movida a base se analgésicos. Quanta humilhação! Até no ônibus precisava da rosquinha!

 Levou semanas para conseguir sentar sem a almofada e recuperar a pouca dignidade que me restava.

Moral da história: antes de não querer dar o braço a torcer, pense na integridade física do seu fiofó!


Um comentário:

  1. Nossa! Quando li o texto revivi nossa historia me acabando de rir..... Bons tempos.....

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